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VENDAS
Descontos e até dinheiro pago ao varejo são armas dos fabricantes para conseguir expor ovos de chocolate
Marcas duelam por espaço na Páscoa
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor não sabe, mas
tudo foi negociado e pago: na ânsia de colocar o produto na rua, as
empresas de chocolate venderam
mercadorias com bonificação às
lojas, concederam descontos na
venda ao comércio (em produtos
que nada têm a ver com a Páscoa)
ou simplesmente deram dinheiro
ao varejo. Tudo só para dar destaque à marca. E vender.
Desde dezembro, fabricantes e
o comércio debatem estratégias
de mídia para evitar que esta Páscoa seja um fiasco. Árdua tarefa,
já que números publicados nesta
semana mostram uma demanda
ainda tímida. Sete entre cada dez
lojas acham que vão vender igual
ou menos do que em 2003.
Entre as empresas e o comércio
foram negociados o espaço nas
"parreiras" de ovos de chocolates
(grades de sustentação) e o destaque nos jornais em formato tablóide das lojas e também nos locais de maior circulação de consumidores. Nada foi determinado
à toa. Armou-se um esquema que
passa, inclusive, por contatos diretos entre a área de vendas dos
fabricantes e os seus promotores
de vendas nas lojas para saber como estão indo os negócios.
Além da possibilidade de contatar os promotores -aqueles funcionários espalhados pela loja,
com a camisa da empresa de chocolate-, os fabricantes sondam
os próprios supermercados. Falam com a área de vendas dessa
categoria de produto, em contatos telefônicos quase diários, para
saber sobre a demanda. Muita
coisa é coordenada: se, por exemplo, um produto dispara na preferência, ele ganha espaço na área
disponível para a venda de ovos e
fará sombra a outra mercadoria.
É nesta semana que a disputa se
acirra: 50% da venda de ovos
ocorre a partir de agora até o sábado. No faturamento das lojas, a
Páscoa rende pouco mais de R$
500 milhões -valor equivalente à
venda total de ovos no período.
"A marca ou o lançamento que
gera tráfego nas lojas ganha espaço. Isso é regra. Se o meu produto
líder de venda hoje é o Sonho de
Valsa, ele vai ter um espaço só dele", diz Augusto Lemos, gerente
de marketing da Kraft Foods, a
dona da Lacta.
Os lançamentos dos três maiores fabricantes do país (Nestlé,
Lacta e Garoto) se espremem em
diferentes "braços" das "parreiras" dos supermercados. Como
há diversos braços, cada marca
pode ter o seu.
É claro que, se uma determinada rede de varejo fecha um pacote
de venda exclusiva com um fornecedor, tudo muda de figura. As
outras empresas ficam à margem,
com menor destaque. Uma olhada atenta nas prateleiras e é possível perceber isso. Neste ano, não
houve ação desse tipo entre as
partes, apurou a Folha com duas
redes de lojas.
"Tudo é conversado, em negociações ocorridas há meses. Locais que chamamos de "quentes"
são mais disputados. É o fabricante, e não a loja, que decide que
produto destacar na gôndola", diz
Luís Antônio Torres, gestor de categoria do Pão de Açúcar.
Eugenio Foganholo, sócio-diretor da Mixxer Consultoria, explica que, entre as partes, negocia-se
desde a hipótese de consignação
até o pagamento de verba à loja.
Como também já é de praxe, pequenos ovos são dispostos em locais de fácil acesso para as crianças - a distância de uma esticada
das mãos. Raramente esses itens
menores são colocados nas escadas rolantes. Já os maiores chocolates ficam um tanto "escondidos" até começar a última semana
de vendas para a Páscoa, quando
a demanda tende a crescer.
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