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VIZINHO
Acordo com produtores e frigoríficos inclui 11 cortes populares; em troca, restrição às exportações será diminuída
Argentina congela preço da carne por um ano
DE BUENOS AIRES
O governo argentino fechou
acordo com produtores e frigoríficos para baixar e congelar por
um ano o preço de 11 cortes populares de carne. Em troca, a Casa
Rosada anunciou que diminuirá
as restrições à exportação do produto, que estão proibidas desde 13
de março.
É mais uma tentativa de entendimento entre o governo Néstor
Kirchner e o setor, que desde o
ano passado têm uma relação tensa. Kirchner acusa os empresários
de favorecerem o mercado externo e causarem a alta do preço do
produto na Argentina.
O controle de preços dos cortes
populares foi anunciado na noite
de quinta-feira, na presença de representantes de toda a cadeia e da
ministra da Economia, Felisa Miceli. Foi uma vitória política de
Kirchner na queda-de-braço com
os pecuaristas e exportadores, já
que o fim da proibição das exportações não foi anunciado ao mesmo tempo e ficou condicionado à
efetiva à queda de preços.
Segundo analistas do mercado,
o acordo de congelamento deve
chegar ao consumidor na semana
que vem e representará uma queda de 20%, em média, no valor
dos cortes.
Preços em alta
Mesmo com a exportação vetada, a carne aumentou 3,4% em
março, mais que a inflação geral
(1,2%). No primeiro trimestre, a
inflação geral do país foi de 2,9%,
menor que os 4% do mesmo período de 2005. Os argentinos são
os maiores consumidores de carne per capita do mundo (em janeiro foi de 62,3 kg por pessoa), e
a alta também impactou na cesta
básica, cujo preço avançou 1,8%
no período.
O produto subiu 21,3% em
2005, enquanto o índice geral de
inflação foi 12,3% -o maior dos
últimos três anos.
De acordo com o texto assinado, se o preço cair, o governo argentino liberará a exportação de
maneira limitada. Cada empresa
poderá vender ao exterior no segundo trimestre deste ano o equivalente a 50% do que exportou no
mesmo período de 2005. No ano
passado, as exportações do produto foram recorde (venderam
US$ 1,4 bilhão).
Grupo de trabalho
O governo também atendeu a
um pedido do setor: foi criado um
grupo de trabalho para discutir
um plano de expansão da atividade. Apesar da crescente demanda
interna, com a recuperação do
poder aquisitivo depois da crise, e
externa, com abertura de mercados e a febre aftosa no Brasil, o rebanho argentino é praticamente o
mesmo há 30 anos.
(FLÁVIA MARREIRO)
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