|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Berzoini, é difícil "separar o joio do trigo"
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, disse ontem que o governo terá dificuldade em tentar "separar o joio do
trigo" no novo Refis. O "Refis 2",
como está sendo chamado, foi
aprovado na terça-feira na Câmara dos Deputados e segue agora
para votação no Senado.
"O Refis criou uma situação
que, de certa forma, permite o
parcelamento das dívidas de empresas em dificuldade, mas algumas medidas podem criar situações em que empresas contumazes devedoras se beneficiam. Infelizmente, é um quadro em que é
difícil separar o joio do trigo na legislação", afirmou o ministro,
após encontro com a bancada federal do PL.
Pelo projeto, as micro e pequenas empresas e as pessoas físicas
em débito com a União poderão
parcelar o pagamento sem limite
de prazo. No caso das médias e
grandes empresas, o prazo de pagamento é de até 180 meses.
O fato que chamou mais a atenção, porém, foi a definição da suspensão, no ato de adesão ao Refis,
dos processos judiciais movidos
contra as empresas que se apropriam da contribuição previdenciária dos funcionários e não a repassam ao INSS.
"Esse processo [originado pelo
texto da MP aprovada] foi resultante da necessidade de dialogar
com o sentimento das bancadas
de deputados de vários partidos",
afirmou Berzoini, ressaltando que
o governo tentará administrativamente evitar as distorções. O ministro não deu detalhes de como
pretende fazer isso.
O problema é que a MP não distingue as empresas beneficiárias,
abrindo uma brecha para todas. A
proposta foi fruto da pressão de
PFL, PSDB, PP, PTB, PL e parte do
PMDB, que refletiam forte lobby
movido por setores empresariais.
Temendo sofrer uma derrota na
votação, já que o PMDB e partidos da base aliada (PTB e PL)
pressionavam pela proposta, o
governo acabou cedendo.
"Concordo com a possibilidade
de termos um sistema que propicie às empresas em dificuldade se
colocarem em situação de adimplência. Não concordo é com
qualquer tipo de procedimento
que permita às empresas que são
contumazes devedoras se beneficiarem disso", disse o ministro.
Críticas do TST
O presidente do TST (Tribunal
Superior do Trabalho), ministro
Francisco Fausto, criticou a decisão do governo de suspender processos judiciais contra empresas
devedoras da Previdência, pois isso prejudica a classe média.
"O governo está empurrando
todo o ônus da questão da Previdência para a classe média e salvando a cara dos devedores históricos do sistema previdenciário."
Fausto voltou a cobrar do governo urgência na divulgação da
relação dos devedores históricos,
antes que o Congresso inicie a votação da reforma da Previdência.
"O principal nessa questão é que o
governo publique a relação dos
devedores da Previdência."
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Renegociação: Refis 2 é descaso à Justiça, diz procuradora Próximo Texto: Arrecadação deve ser de R$ 2,5 bi Índice
|