São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

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DIAS DE TENSÃO

Em abril, são criadas 288 mil vagas; cresce perspectiva de alta do juro

Emprego tem recuperação nos EUA

DA REDAÇÃO

O mercado de trabalho norte-americano voltou a apresentar números positivos no mês passado, reforçando a noção de que o processo de eliminação de empregos, que durou mais de três anos, chegou ao fim.
Segundo dados divulgados ontem pelo Departamento de Trabalho, a economia criou 288 mil vagas em abril, ante uma expectativa média dos analistas de criação de 150 mil postos.
O governo também revisou o número de postos criados em março, que já havia sido o maior em quase quatro anos: de 308 mil para 337 mil empregos. Já a taxa de desemprego caiu um décimo, para 5,6%.
A notícia ajudou a derrubar as Bolsas e a elevar as taxas de retorno dos títulos do Tesouro norte-americano, pois reforçou a expectativa, até então minoritária, de que o Federal Reserve (o banco central dos EUA) poderá elevar os juros em sua próxima reunião, nos dias 29 e 30 de junho.
O Fed vinha apontando desde o ano passado que a falta de vigor no mercado de trabalho era uma das principais razões para a manutenção dos juros em 1% ao ano, o menor patamar em 46 anos.
O retorno dos títulos do Tesouro com vencimento em dez anos, referência no mercado, ultrapassou 4,75% pela primeira vez desde julho de 2002. No fim do dia, a taxa era de 4,77%, ante 4,61% na quinta e 4,5% na segunda.
No mercado de futuros, os contratos de julho apontavam 90% de chance de alta dos juros na próxima reunião do Fed, contra 60% ontem e 50% no início da semana.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones fechou em baixa de 1,21%; já o Nasdaq, das empresas de alta tecnologia, caiu 1,02%.
Embora a criação de vagas em março, então o sétimo mês seguido de contratações, já tivesse sido elevada, analistas diziam ser necessário esperar por abril para verificar se não era um dado isolado.
O despertar de contratações beneficiou todos os setores: o de serviços contribuiu com 123 mil novos empregos, a construção civil, com 18 mil, e o varejo, com 23 mil. A indústria, que, durante extenso período (42 meses, um dado revisado), apenas fechava vagas, contratou 21 mil trabalhadores, o terceiro mês seguido de alta.
"O obstáculo terminou por ceder. Após recusarem novas contratações por um prazo que parecia uma eternidade, as empresas reverteram a tendência e se lançaram a reforçar seus quadros", disse o economista Joel Naroff.
O presidente norte-americano, George W. Bush, e o secretário do Tesouro, John Snow, ressaltaram o fato de o país ter criado 1,1 milhão de novos postos de trabalho desde agosto e atribuíram o resultado, em parte, ao corte de impostos adotado em sua gestão.
"As pessoas estão encontrando trabalho neste país. A eliminação de impostos que aprovamos está funcionando", disse Bush.
A questão do emprego é uma das principais na campanha para as eleições presidenciais de novembro. Apesar da recuperação recente, Bush ainda acumula um déficit de 1,5 milhão de vagas e deve terminar o mandato com saldo negativo de postos de trabalho.


Com agências internacionais

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