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DIAS DE TENSÃO
Em abril, são criadas 288 mil vagas; cresce perspectiva de alta do juro
Emprego tem recuperação nos EUA
DA REDAÇÃO
O mercado de trabalho norte-americano voltou a apresentar
números positivos no mês passado, reforçando a noção de que o
processo de eliminação de empregos, que durou mais de três
anos, chegou ao fim.
Segundo dados divulgados ontem pelo Departamento de Trabalho, a economia criou 288 mil
vagas em abril, ante uma expectativa média dos analistas de criação de 150 mil postos.
O governo também revisou o
número de postos criados em
março, que já havia sido o maior
em quase quatro anos: de 308 mil
para 337 mil empregos. Já a taxa
de desemprego caiu um décimo,
para 5,6%.
A notícia ajudou a derrubar as
Bolsas e a elevar as taxas de retorno dos títulos do Tesouro norte-americano, pois reforçou a expectativa, até então minoritária, de
que o Federal Reserve (o banco
central dos EUA) poderá elevar os
juros em sua próxima reunião,
nos dias 29 e 30 de junho.
O Fed vinha apontando desde o
ano passado que a falta de vigor
no mercado de trabalho era uma
das principais razões para a manutenção dos juros em 1% ao ano,
o menor patamar em 46 anos.
O retorno dos títulos do Tesouro com vencimento em dez anos,
referência no mercado, ultrapassou 4,75% pela primeira vez desde julho de 2002. No fim do dia, a
taxa era de 4,77%, ante 4,61% na
quinta e 4,5% na segunda.
No mercado de futuros, os contratos de julho apontavam 90% de
chance de alta dos juros na próxima reunião do Fed, contra 60%
ontem e 50% no início da semana.
Na Bolsa de Nova York, o índice
Dow Jones fechou em baixa de
1,21%; já o Nasdaq, das empresas
de alta tecnologia, caiu 1,02%.
Embora a criação de vagas em
março, então o sétimo mês seguido de contratações, já tivesse sido
elevada, analistas diziam ser necessário esperar por abril para verificar se não era um dado isolado.
O despertar de contratações beneficiou todos os setores: o de serviços contribuiu com 123 mil novos empregos, a construção civil,
com 18 mil, e o varejo, com 23 mil.
A indústria, que, durante extenso
período (42 meses, um dado revisado), apenas fechava vagas, contratou 21 mil trabalhadores, o terceiro mês seguido de alta.
"O obstáculo terminou por ceder. Após recusarem novas contratações por um prazo que parecia uma eternidade, as empresas
reverteram a tendência e se lançaram a reforçar seus quadros", disse o economista Joel Naroff.
O presidente norte-americano,
George W. Bush, e o secretário do
Tesouro, John Snow, ressaltaram
o fato de o país ter criado 1,1 milhão de novos postos de trabalho
desde agosto e atribuíram o resultado, em parte, ao corte de impostos adotado em sua gestão.
"As pessoas estão encontrando
trabalho neste país. A eliminação
de impostos que aprovamos está
funcionando", disse Bush.
A questão do emprego é uma
das principais na campanha para
as eleições presidenciais de novembro. Apesar da recuperação
recente, Bush ainda acumula um
déficit de 1,5 milhão de vagas e deve terminar o mandato com saldo
negativo de postos de trabalho.
Com agências internacionais
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