São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIAS DE TENSÃO

Wall Street prevê mais nervosismo até junho

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

A reação do mercado à expectativa de que o Fed (banco central americano) aumente os juros num futuro próximo, que afeta os mercados emergentes, deve perdurar até junho, dizem analistas de Wall Street ouvidos pela Folha.
"No curto prazo, parece que haverá nervosismo nos mercados. No longo prazo, estou mais otimista. Falo dos próximos meses, entre agora e o fim de junho", afirma John Herman, economista da corretora Cantor Fitzgerald, após ser questionado sobre a atual instabilidade no Brasil.
Mohamed el-Erian, analista da Pimco, corretora especializada em mercados emergentes, também vê um cenário de nervosismo seguido de efeitos positivos provocados pelo crescimento da economia americana.
"Tendemos a esperar ver isso acontecer com algum atraso. Mercados financeiros reagem mais rápido que o mercado de bens. É difícil dizer quanto demora para os efeitos positivos aparecerem, pode ser em algum momento nos próximos dois meses."

"Efeitos técnicos"
Todos foram unânimes em afirmar que os números de grande crescimento de empregos nos EUA levam a esperar um aumento da taxa de juros pelo Fed mais cedo do que se esperava.
Muitos apostam na próxima reunião, no mês de junho, para a primeira elevação.
É a opinião de Michael Gavin, especialista em América Latina do banco UBS. "A primeira elevação deve acontecer antes das eleições [para presidente, em novembro], provavelmente em junho."
Ele vê "alguma surpresa na magnitude da reação do mercado" a essa possibilidade e prevê um cenário para os emergentes no futuro próximo mais "desafiador" do que se esperava.
El-Erian diz não esperar que os atuais "efeitos técnicos", como ele chama o nervosismo do mercado, criem problemas maiores para a economia brasileira.
A primeira razão é a recuperação da economia americana, que deve trazer efeitos positivos para as exportações brasileiras.
Depois, ele avalia que a questão é saber se o governo Lula poderá manter a política econômica.
Finalmente, para ele, o Brasil continuará bem porque a economia da China deve ter uma desaceleração suave, com efeitos menores para as exportações do país.
A opinião é compartilhada por Herman: "As pessoas estão ficando nervosas com a alta dos juros nos EUA, mas o fato é que o crescimento maior da economia americana terá efeitos na América Latina. E a economia deve melhorar por lá também".


Texto Anterior: Dias de tensão: Emprego tem recuperação nos EUA
Próximo Texto: Dias de tensão: Para analistas, turbulência pode afetar juros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.