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DIAS DE TENSÃO
Bolsa cai 2,97% e fecha quinta semana em queda; petróleo e temor de taxa de juros nos EUA afetam mercado
Dólar passa de R$ 3; risco-país sobe 5,4%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A divulgação de dados sobre
emprego nos EUA trouxe nova
turbulência ao mercado. No Brasil, o dólar subiu 2,1% e foi a R$
3,062. A Bolsa caiu 2,97% e encerrou a quinta semana seguida com
perdas. O risco-país subiu 5,4%.
Nem mesmo os dados do IPCA
de abril, que ratificaram a trajetória de queda do índice de preços,
foi suficiente para melhorar o ânimo dos investidores.
O petróleo, outro fator de preocupação, fechou em seu nível
mais alto desde a Guerra do Golfo. Com o valor do petróleo novamente pressionado lá fora, analistas já temem seus possíveis reflexos internos, como a elevação no
preço da gasolina.
Os dados de emprego nos EUA
mostraram uma criação de vagas
acima do estimado pelos analistas. Isso mostra que a economia
do país está mais aquecida, o que
fez crescer as expectativas de que
os juros poderão ser elevados nos
EUA já no próximo mês.
O temor de que os juros norte-americanos subam em breve tem
feito os investidores venderem títulos de países emergentes. Como
os papéis dos EUA são mais seguros, a tendência é os investidores
se desfazerem de títulos de emergentes (mais arriscados) para
comprar os americanos.
Ontem o risco (espécie de termômetro da confiança do investidor em um país) brasileiro fechou
a 761 pontos, com alta acumulada
de 14,8% na semana. O risco da
Turquia teve elevação de 16,5%
ontem, e o da Rússia, 5,1%.
O cenário político também sofreu turbulências na semana. A
derrota do governo Lula no caso
da proibição aos bingos e a formação de uma comissão mista
para discutir o valor do salário
mínimo repercutiram mal no
mercado, sendo encaradas como
sinais de fraqueza do governo.
Na semana, as perdas da Bovespa foram de 5%. A desvalorização
da Bolsa paulista no ano chega a
16,23%. O dólar subiu 4,4% na semana e foi a seu maior valor desde
agosto do ano passado.
Preocupações
"Além dos EUA, a preocupação
com a alta no preço do petróleo
cresceu. O pior é que, depois de o
risco ser muito pressionado, o dólar está subindo expressivamente.
Esse ambiente reduziu as possibilidades de corte na taxa básica de
juros", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
Relatório da Global Invest alerta
que a mudança do cenário externo "se sobrepõe aos fatores internos", o que pode fazer com que "o
ciclo de quedas de juros esteja em
seu fim". A consultoria diz que na
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária) deste mês
ainda deve haver uma decisão por
redução na taxa básica de juros.
"Mas ressaltamos que essa seria
uma das últimas quedas do ano",
diz o relatório.
As projeções dos juros futuros
subiram na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). No contrato
DI (que segue as taxas interbancárias) mais negociado, com prazo
em janeiro, a taxa foi de 15,76%
para 15,87%.
Resgate
Nesse cenário de turbulência, o
Tesouro Nacional realizou ontem, pelo terceiro dia consecutivo, um leilão de recompra de títulos públicos pós-fixados (LFTs).
Esses papéis, que estavam nas
mãos das instituições financeiras,
têm perdido seu valor no mercado, o que faz com que os fundos
que os carregam (como fundos DI
e de renda fixa) percam rentabilidade. Nos três dias, o Tesouro recomprou cerca de R$ 3,3 bilhões
em títulos.
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