São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

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Taxa Selic não deixará de cair, avalia governo

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento dos juros nos Estados Unidos não deverá impedir que o Banco Central continue a cortar a taxa básica (Selic) ao longo deste ano, na avaliação do governo. Em documento para consumo interno da alta cúpula do governo, obtido pela Folha, graduados integrantes da equipe econômica traçaram cenário para 2005 semelhante ao de 2000, quando o BC reduziu a Selic mesmo após o Fed ter elevado a taxa básica nos EUA.
"O impacto do "muito anunciado" aperto monetário nos EUA sobre a economia brasileira pode ser mais suave do que o antecipado e repetir o episódio de 2000, quando nossas taxas de juros caíram apesar do aumento das taxas americanas e do nosso "spread" [risco-país]", informa o estudo, composto de uma página de texto e outra com gráficos e tabelas.
Na análise, os integrantes da equipe econômica lembram que, depois da crise de 1999, quando houve a maxidesvalorização do real, a Selic caiu de 19,5% em julho daquele ano para 15,25% em fevereiro de 2001. "No mesmo período, o Fomc [o equivalente americano ao Copom do BC brasileiro] faz subir a sua taxa base de 4,75% para 6,5% em dezembro de 2000."
Eles afirmam ainda que muitos dos fundamentos da economia brasileira "estão bem mais sólidos" hoje do que há quatro anos. "E, sobretudo, nossa balança comercial está realmente em outro patamar, o que limita a volatilidade do câmbio", escreveram.
Em 2000, a balança teve déficit de US$ 751 milhões. Para este ano, a previsão é um superávit de US$ 24 bilhões. Com a grande entrada de dólares na economia provenientes das vendas externas, a moeda não teria muito espaço para subir.
O estudo, concluído depois da reunião do Fomc de terça-feira -quando a taxa básica americana foi mantida em 1% ao ano-, descreve um quadro de gradualismos do Fed no aumento dos juros e de pouco e controlado impacto sobre a economia brasileira.
"O comunicado do Fomc e as recentes declarações -inclusive do presidente Greenspan [Alan, presidente do Fed]- dão margem para um otimismo prudente e apontam para um aumento gradual e ordenado dos juros americanos", ressalta o documento.
Entre os argumentos apresentados para justificar o gradualismo do Fed, citam que desde 1958 "os apertos monetários do Fed têm sido progressivos" (leia-se aumento dos juros), com elevações na taxa de 50 pontos bases (equivalente a 0,5 ponto percentual).


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