|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LINHAS CRUZADAS
Empresa consegue decisão para transferir para a Justiça documentos apreendidos pela polícia em sua sede
Liminar tira da polícia papéis da Telefônica
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Telefônica obteve no Tribunal
de Alçada Criminal de São Paulo
liminar que determina que os documentos apreendidos sede na
presidência e em duas vice-presidências da empresa devem sair
das mãos da polícia e ficar sob sigilo no Departamento de Inquérito Policiais, órgão do Judiciário.
Os documentos integram um
inquérito policial que investiga se
a Telefônica cometeu crimes contra a ordem econômica, contra a
ordem tributária e contra a organização do trabalho.
A liminar foi concedida pelo vice-presidente do tribunal, o juiz
Eduardo Pereira, e tem, por definição, caráter provisório. Só daqui a 40 dias a câmara desse tribunal decidirá se os documentos são
provas lícitas ou não.
Um texto apreendido na mesa
de um vice-presidente dizia que a
Telefônica pretendia alinhar "as
tarifas pelo teto" se conseguisse
comprar a Embratel com a Brasil
Telecom e a Telemar e projetava
ganhos de R$ 750 milhões.
Um juiz de Nova York preferiu
a proposta de compra feita pela
Telmex, a maior operadora de telefonia do México, por considerar
que havia riscos regulatórios na
oferta das três operadoras.
Para obter a liminar, os advogados da Telefônica argumentaram
que a apreensão, feita no dia 5 de
abril, extrapolou o mandado.
Segundo Domingos Fernando
Refinetti, advogado da Telefônica,
o mandado era restrito aos documentos da Telefônica sobre a SP
Cobra, uma prestadora de serviços na área de telefonia. No inquérito da SP Cobra, o empresário
Armando Kilson Filho acusa a Telefônica de ter imposto sócios espanhóis à empresa e de ter ajudado a provocar a falência dela.
"Entre os 80 quilos de documentos apreendidos no 21º andar, não haverá nem meio quilo
de papéis sobre a SP Cobra. O relacionamento dessa empresa com
a Telefônica era meramente comercial e não houve nenhum tipo
de interferência", diz Refinetti.
Segundo a interpretação do advogado, a liminar paralisa o inquérito sobre a Telefônica. O alcance da medida, porém, não
atinge as apurações que são feitas
pelo Ministério Público Federal e
pela SDE (Secretaria de Direito
Econômico), do Ministério da
Justiça. A SDE, que levou para
Brasília parte dos papéis, investiga se Telefônica, Telemar e Brasil
Telecom atuam como cartel.
Maurício Del Trono Grosche,
delegado que preside os inquéritos da SP Cobra e da Telefônica,
diz que a polícia não extrapolou
os limites do mandado de busca e
apreensão porque os documentos
encontrados continham indícios
de crimes.
De acordo com ele, a retirada
dos documentos da 5ª Delegacia
Seccional, na qual estão os inquéritos, não paralisa a investigação:
"Mesmo sem esses documentos,
o inquérito vai continuar, mas é
evidente que a investigação perde
força sem eles".
O delegado diz que desde o ano
passado já havia indícios de que a
Telefônica teria usado notas frias
na sua contabilidade, participara
da demissão coletiva de funcionários da SP Cobra e a "ajudou a
destruir essa empresa".
O advogado da Telefônica afirma que essas acusações não tem
fundamento.
Texto Anterior: Comércio mundial: UE pede resposta mais rápida ao Mercosul Próximo Texto: Siderurgia: Lucro da CSN no trimestre é de R$ 333 mi Índice
|