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COMÉRCIO MUNDIAL
Bloco sul-americano tem até o dia 17 para apresentar uma oferta melhorada, que inclua mercado de licitações
UE pede resposta mais rápida ao Mercosul
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA, EM BRUXELAS
A União Européia aproveitou a
entrevista coletiva de encerramento da 13ª reunião do CNB
(Comitê de Negociações Birregionais) para dar um aviso claro a
seus parceiros do Mercosul:
"O tempo está ficando curto",
disse Karl Falkenberg, responsável por acordos de livre comércio
na Comissão Européia, o braço
executivo do conglomerado de 25
países.
Embora os europeus tenham
explicitado suas várias reivindicações ao bloco do Sul, o fato é que o
tempo está ficando curto principalmente para o Mercosul oferecer aos europeus o mercado de
concorrências públicas.
Falkenberg aceitou, conforme a
Folha já havia antecipado, que o
Mercosul dê preferência a seus
próprios produtores, mas pediu
"uma gradual eliminação [das
barreiras] em setores específicos",
que não mencionou.
Por enquanto, o Mercosul se
comprometeu apenas com a
transparência de suas licitações,
na expectativa de que será suficiente para que firmas européias
possam ganhá-las.
"Transparência equivale a acesso a mercado, porque os brasileiros não aceitarão que o governo
pague, digamos, 30% para comprar alguma coisa, só por ser um
produto brasileiro, a não ser que
se trate de um setor reservado para políticas industriais", costuma
dizer o chanceler Celso Amorim.
Mas a Folha ouviu, de mais de
um negociador brasileiro, que, na
próxima semana, o Mercosul vai
"trabalhar duro" para poder, no
dia 17, apresentar aos europeus
uma oferta melhorada, que eventualmente contemple acesso ao
mercado de licitações.
Os dois lados marcaram para o
dia 17 a troca de ofertas melhoradas, em tempo para que sejam
examinadas até a conferência ministerial que os dois blocos farão à
margem da Cúpula UE/América
Latina-Caribe, prevista para o dia
28, em Guadalajara (México).
Se depender do embaixador
brasileiro na União Européia, José
Alfredo Graça Lima, o Mercosul
"dobra a sua aposta" no setor
agrícola, especialmente em PAPs
(Produtos Agrícolas Processados), pela primeira vez postos à
mesa pelos europeus.
Significa o seguinte: se a Europa
oferece eliminar em até dez anos
suas tarifas de importação para o
café solúvel, por exemplo, o Mercosul deveria contrapropor eliminar as suas já, para estimular a UE
a melhorar sua oferta agrícola, o
grande filão para o bloco do Sul.
A UE pede também uma abertura maior do Mercosul para bens
industriais e acesso a mercado em
serviços e investimentos. Mas tudo leva a crer que, nessas duas últimas áreas, o problema é menos
abrir o mercado, já bastante liberalizado, e mais ter regras definidas que dêem segurança jurídica
aos investidores estrangeiros (no
caso, os europeus).
Os negociadores do Mercosul
continuam achando insuficiente a
oferta européia, como é natural e
inevitável em um processo negociador, mas se vêem obrigados a
um certo contorcionismo verbal
para acentuar a insuficiência.
Martín Redrado, vice-chanceler
argentino e negociador-chefe do
Mercosul, lembrou que não está
questionando mecanismos que
"distorcem o mercado mundial"
de bens agrícolas, em alusão aos
subsídios europeus à exportação.
Hervé Jouanjean, da Direção de
Comércio da UE, afirma que "nos
próximos dias se confirmará se
estamos ou não na direção certa".
É uma alusão à troca de ofertas
melhoradas do próximo dia 17.
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