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Jovem negocia compra de terra dentro de avião
DO ENVIADO ESPECIAL AO PIAUÍ
Pioneirismo é sinal de
aventura e de dificuldades,
mas o que o gaúcho Sávio
Schröder fez beira a loucura.
No final de 97, ele sobrevoou
a extensa região inabitada de
cerrado de Uruçuí (PI) em
busca de terra para comprar.
Do alto, fechou o negócio.
Comprou 500 hectares,
para onde foi com a família,
em março de 99. Schröder e
sua mulher, Cristiane, ambos com 21 anos, construíram um barraco coberto
com folhas de palmeiras e
cercado por lona preta para
morar. Na ocasião, tinham
uma filha, Gabriele, com
apenas seis meses de idade.
Sem financiamento bancário, e apenas com o dinheiro
obtido na venda da terra no
Sul, a família começava a
realizar um sonho e tentar
superar as dificuldades que
iriam aparecer pela frente.
A água para beber e para
uso doméstico mais próxima estava a 40 quilômetros.
"São 80 quilômetros para ir e
voltar", diz Cristiane, para
mostrar a dimensão dessa
dificuldade.
Uma grande vantagem do
casal: eram jovens e cheios
de saúde. Afinal, o hospital
mais próximo estava a 130
quilômetros por estradas intransitáveis em determinados períodos do ano.
"Para baixo, não volto"
Enquanto explica a saga
por que passaram, Cristiane
mostra fotos que apontam
os passos deles na região: o
barraco, onde viveram por
dois anos; o início do preparo da terra para o plantio e a
"casa" improvisada no meio
da roça -as distâncias eram
tão grandes que transferiam
a residência para o local de
plantio ou de colheita.
O barraco de palha e de lona ficou para trás, mas a família ainda espera a construção da casa definitiva. O local atual, uma construção de
tijolos, ainda é uma mistura
de casa com armazém para
peças e depósito para produtos.
Quando a conversa é sobre
o Rio Grande do Sul, que ficou para trás, Schröder diz
que tem "saudades dos amigos e da família, mas sair daqui só se for para ir mais para cima. Para baixo [em referência ao Sul] não volto
mais". E acrescenta: "Não sei
se há lugar melhor do que
este para a agricultura. O
conforto é pequeno, mas o
retorno financeiro é bom".
Agora que toda a área que
possui está cultivada, Schröder pretende continuar a saga de aventureiro e comprar
novas terras. Desta vez, no
entanto, ele espera que as dificuldades não sejam tantas
como as da primeira vez.
(MZ)
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