São Paulo, domingo, 08 de maio de 2005

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Jovem negocia compra de terra dentro de avião

DO ENVIADO ESPECIAL AO PIAUÍ

Pioneirismo é sinal de aventura e de dificuldades, mas o que o gaúcho Sávio Schröder fez beira a loucura. No final de 97, ele sobrevoou a extensa região inabitada de cerrado de Uruçuí (PI) em busca de terra para comprar. Do alto, fechou o negócio.
Comprou 500 hectares, para onde foi com a família, em março de 99. Schröder e sua mulher, Cristiane, ambos com 21 anos, construíram um barraco coberto com folhas de palmeiras e cercado por lona preta para morar. Na ocasião, tinham uma filha, Gabriele, com apenas seis meses de idade.
Sem financiamento bancário, e apenas com o dinheiro obtido na venda da terra no Sul, a família começava a realizar um sonho e tentar superar as dificuldades que iriam aparecer pela frente.
A água para beber e para uso doméstico mais próxima estava a 40 quilômetros. "São 80 quilômetros para ir e voltar", diz Cristiane, para mostrar a dimensão dessa dificuldade.
Uma grande vantagem do casal: eram jovens e cheios de saúde. Afinal, o hospital mais próximo estava a 130 quilômetros por estradas intransitáveis em determinados períodos do ano.

"Para baixo, não volto"
Enquanto explica a saga por que passaram, Cristiane mostra fotos que apontam os passos deles na região: o barraco, onde viveram por dois anos; o início do preparo da terra para o plantio e a "casa" improvisada no meio da roça -as distâncias eram tão grandes que transferiam a residência para o local de plantio ou de colheita.
O barraco de palha e de lona ficou para trás, mas a família ainda espera a construção da casa definitiva. O local atual, uma construção de tijolos, ainda é uma mistura de casa com armazém para peças e depósito para produtos.
Quando a conversa é sobre o Rio Grande do Sul, que ficou para trás, Schröder diz que tem "saudades dos amigos e da família, mas sair daqui só se for para ir mais para cima. Para baixo [em referência ao Sul] não volto mais". E acrescenta: "Não sei se há lugar melhor do que este para a agricultura. O conforto é pequeno, mas o retorno financeiro é bom".
Agora que toda a área que possui está cultivada, Schröder pretende continuar a saga de aventureiro e comprar novas terras. Desta vez, no entanto, ele espera que as dificuldades não sejam tantas como as da primeira vez. (MZ)

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