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Produtores da região se preparam para o plantio de soja transgênica
DO ENVIADO ESPECIAL AO PIAUÍ
O plantio de transgênicos está
chegando mais cedo do que se
imaginava às novas fronteiras
agrícolas. Antoninho Trento diz
que, enquanto foi produtor no
Paraná, nunca desrespeitou a lei,
mas agora vai experimentar essas
novas variedades no Piauí.
Semente não vai faltar. José Antônio Görgen, o Zezão, que tem
acordos com a Embrapa e a Monsoy, deverá começar a multiplicar
as sementes geneticamente modificadas a partir desta safra.
Grande produtor de sementes
convencionais, Zezão não parece
muito entusiasmado com a transgênica. "É tudo uma questão de
produtividade e de custo. Vamos
experimentar em pequenas áreas.
Se der resultados, ampliamos."
O caminho para os produtores
que chegam ao Piauí começa invariavelmente pelo plantio de arroz, produto menos exigente. No
segundo ano, vem a soja. O terceiro passo é o milho, seguido do algodão. Este só agora começa a ter
os primeiros experimentos de
plantio na região.
As vantagens para quem planta
no Piauí são grandes. A terra bruta custa de 15 a 30 sacas de soja,
dependendo da região. O Banco
do Nordeste financia todo o projeto a taxas de 9,43% ao ano. Rogério Rocha da Costa, gerente da
instituição, diz que neste ano a
disponibilidade de crédito é de R$
5 bilhões.
As multinacionais, já presentes
e atuando na compra de grãos e
no fornecimento de crédito, também são um braço de apoio ao financiamento.
Outras vantagens destacadas
pelos agricultores são a boa produtividade da região -próxima
de 50 sacas por hectare-, o clima
favorável e a saída do produto por
Itaqui (São Luís - MA), um porto
moderno a 700 quilômetros de
distância.
O avanço da soja no Piauí é um
fator de desenvolvimento da região, mas os moradores locais
têm duas preocupações: com o
ambiente e com a mão-de-obra
local. No caso do ambiente, Fianco diz que o Ibama é rígido e as regras estabelecidas estão sendo
respeitadas.
No caso da mão-de-obra, Trento diz que aos poucos parte dos 30
trabalhadores locais que emprega
vai assumindo funções mais especializadas, como o trabalho com
máquinas.
Muitas dificuldades
Mas o Piauí não traz só vantagens. Apesar da terra barata, os
investimentos iniciais são elevados. O primeiro plantio exige de
seis a oito toneladas de calcário
por hectare para a "correção da
terra", e a tonelada do produto
custa R$ 45, bem acima dos R$ 15
no Paraná.
A infra-estrutura da região também não é boa. Faltam bancos,
serviços diversos e até hotéis. O
melhor de Uruçuí é um motel
transformado em hotel.
Dois outros sérios problemas
são a falta de estradas e de energia.
Alguns blecautes chegam a durar
12 horas, segundo os moradores.
O escoamento da produção é por
uma balsa, onde os caminhões
perdem várias horas na fila.
A região é desprovida, ainda, de
pesquisas. A Embrapa está começando agora, diz Altair Domingos
Fianco, do Sindicato Rural de
Uruçuí. Segundo ele, os produtores da região estão fazendo um
fundo para auxiliar a Embrapa:
um quilo da produção por hectare
é destinado a esse fundo. (MZ)
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