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BENJAMIN STEINBRUCH
Gente boa
Tem gente de quem a gente gosta, seja qual for o tempo que a gente fica sem se falar, seja qual o tempo sem se ver
NOSSA VIDA É feita de pessoas,
momentos e detalhes que
nos marcam para sempre e
fazem a nossa história. Quem de nós
não tem na lembrança a presença de
nossos pais, avós, tios, filhos, familiares em geral, amigos e pessoas que
nos ajudaram ou a quem ajudamos
em alguma etapa da nossa caminhada?
Digo isso porque tenho dentro de
mim, e de maneira muito forte, a
presença de meu pai, Mendel, que
considero como meu grande mestre, que me ensinou pacientemente
os valores, o dia-a-dia do trabalho, a
determinação e a vontade de fazer
sempre algo a mais.
Guardo lembranças agradáveis da
figura de minha avó Olga, com sua
educação britânica, carinhosa, frágil, pequenina. Mas uma gigante por
dentro. Recordo-me dos fins de semana da infância com minha mãe e
meus irmãos, ainda pequenos, escalando os sacos de panos, com cones
dentro, na pequena fábrica na cidade de São Roque (SP).
Todas essas pessoas, com muito
carinho, passam agora pela minha
memória neste domingo em que escrevo este artigo. Acima de tudo, foram ou são torcedores e incentivadores que, de alguma forma, me ajudaram e me estimularam para vencer obstáculos e seguir lutando por
tudo aquilo em que acredito e que
pretendo realizar. A figura de minha
mãe Dora sempre disponível e do
meu lado, querendo me proteger e
poupar das derrotas e dos momentos difíceis que fazem parte da vida
de todos nós, o meu escudo invisível.
Tive a oportunidade de conhecer
muitas pessoas até agora na minha
vida, a grande maioria gente boa,
que se tornam amigos desde o primeiro momento, nos negócios, nas
escolas de nossos filhos, nas viagens,
no nosso dia-a-dia. Pessoas que entram nas nossas vidas de um jeito ou
de outro, viram amigos e perpetuam-se na nossa memória. Pessoas
que fazem parte de momentos mágicos (como diz Carola, minha mulher) que se multiplicam a cada dia.
Às vezes tento rememorar quando e como exatamente começou
uma amizade, como foi a primeira
conversa com aquela pessoa, e tenho dificuldade para me lembrar.
Parece que a amizade sempre existiu. Há pessoas e momentos que ficam muito próximos e integrados
com a gente, independentemente
do tempo de conhecimento mútuo,
da convivência e da freqüência dos
relacionamentos.
É uma graça de Deus ter muitos
amigos assim. Pessoas que entram
em nossas vidas e parecem estar
sempre disponíveis, aguardando para ser chamados e ajudar. Pessoas
que nos dão esse direito e não cobram nada por isso. Estão ali porque
gostam da gente, acreditam na gente, identificam-se com a gente. E,
nesse caso, a reciprocidade é natural
e imediata. Nós, da mesma forma,
identificamos-nos com elas e torcemos apaixonadamente pelo sucesso
delas.
Não importa a idade, o status, a
ocupação. Tem gente de quem a
gente gosta, seja qual for o tempo
que a gente fica sem se falar, seja
qual for o tempo que a gente fica sem
se ver. Porque, se pegarmos o telefone, lá está a mesma pessoa, o mesmo
incentivador, o mesmo torcedor, como se tivéssemos nos reunido no dia
anterior.
Às vezes é difícil explicar por que,
mas existem pessoas especiais que
fazem parte da gente. É como se elas
fossem você mesmo. Uma dessas
pessoas, que fizeram parte da minha
vida, sempre disponível, sempre curioso, sempre incentivador, sempre
torcedor, é o senhor, Sr. Frias.
BENJAMIN STEINBRUCH, 53, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do
conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo).
bvictoria@psi.com.br
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