São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BENJAMIN STEINBRUCH

Gente boa

Tem gente de quem a gente gosta, seja qual for o tempo que a gente fica sem se falar, seja qual o tempo sem se ver

NOSSA VIDA É feita de pessoas, momentos e detalhes que nos marcam para sempre e fazem a nossa história. Quem de nós não tem na lembrança a presença de nossos pais, avós, tios, filhos, familiares em geral, amigos e pessoas que nos ajudaram ou a quem ajudamos em alguma etapa da nossa caminhada?
Digo isso porque tenho dentro de mim, e de maneira muito forte, a presença de meu pai, Mendel, que considero como meu grande mestre, que me ensinou pacientemente os valores, o dia-a-dia do trabalho, a determinação e a vontade de fazer sempre algo a mais.
Guardo lembranças agradáveis da figura de minha avó Olga, com sua educação britânica, carinhosa, frágil, pequenina. Mas uma gigante por dentro. Recordo-me dos fins de semana da infância com minha mãe e meus irmãos, ainda pequenos, escalando os sacos de panos, com cones dentro, na pequena fábrica na cidade de São Roque (SP).
Todas essas pessoas, com muito carinho, passam agora pela minha memória neste domingo em que escrevo este artigo. Acima de tudo, foram ou são torcedores e incentivadores que, de alguma forma, me ajudaram e me estimularam para vencer obstáculos e seguir lutando por tudo aquilo em que acredito e que pretendo realizar. A figura de minha mãe Dora sempre disponível e do meu lado, querendo me proteger e poupar das derrotas e dos momentos difíceis que fazem parte da vida de todos nós, o meu escudo invisível.
Tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas até agora na minha vida, a grande maioria gente boa, que se tornam amigos desde o primeiro momento, nos negócios, nas escolas de nossos filhos, nas viagens, no nosso dia-a-dia. Pessoas que entram nas nossas vidas de um jeito ou de outro, viram amigos e perpetuam-se na nossa memória. Pessoas que fazem parte de momentos mágicos (como diz Carola, minha mulher) que se multiplicam a cada dia.
Às vezes tento rememorar quando e como exatamente começou uma amizade, como foi a primeira conversa com aquela pessoa, e tenho dificuldade para me lembrar. Parece que a amizade sempre existiu. Há pessoas e momentos que ficam muito próximos e integrados com a gente, independentemente do tempo de conhecimento mútuo, da convivência e da freqüência dos relacionamentos.
É uma graça de Deus ter muitos amigos assim. Pessoas que entram em nossas vidas e parecem estar sempre disponíveis, aguardando para ser chamados e ajudar. Pessoas que nos dão esse direito e não cobram nada por isso. Estão ali porque gostam da gente, acreditam na gente, identificam-se com a gente. E, nesse caso, a reciprocidade é natural e imediata. Nós, da mesma forma, identificamos-nos com elas e torcemos apaixonadamente pelo sucesso delas.
Não importa a idade, o status, a ocupação. Tem gente de quem a gente gosta, seja qual for o tempo que a gente fica sem se falar, seja qual for o tempo que a gente fica sem se ver. Porque, se pegarmos o telefone, lá está a mesma pessoa, o mesmo incentivador, o mesmo torcedor, como se tivéssemos nos reunido no dia anterior.
Às vezes é difícil explicar por que, mas existem pessoas especiais que fazem parte da gente. É como se elas fossem você mesmo. Uma dessas pessoas, que fizeram parte da minha vida, sempre disponível, sempre curioso, sempre incentivador, sempre torcedor, é o senhor, Sr. Frias.


BENJAMIN STEINBRUCH, 53, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

bvictoria@psi.com.br


Texto Anterior: Ministro assina ordem para início da transposição do São Francisco
Próximo Texto: Vinicius Torres Freire: Sarkozy e "Manô Marron"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.