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Medida tira rentabilidade da Petrobras
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Ignorando ameaças de
retaliação do Brasil, o governo boliviano emitiu anteontem um decreto presidencial que retira da Petrobras o direito de exportação do petróleo cru reconstituído e fixa o preço
do barril desse produto em
valor abaixo do mercado.
A medida, na prática,
acaba com a rentabilidade
das duas refinarias da empresa brasileira no país.
De acordo com o decreto do presidente Evo Morales, a estatal YPFB passou a ser "o único exportador de petróleo reconstituído e das gasolinas brancas", estas não produzidas
pela empresa brasileira.
Estabelece ainda em
US$ 30,35 o preço do barril do preço do petróleo
cru reconstituído, vendido
no mercado internacional
por US$ 55.
Segundo a Folha apurou, a exportação de petróleo cru reconstituído
era a única operação que
assegurava a rentabilidade
das duas refinarias da Petrobras na Bolívia, pois a
empresa é obrigada a adotar preços abaixo do mercado dentro do país. O litro da gasolina, por exemplo, está congelado em
cerca de R$ 0,9 por litro.
Até o decreto, esse petróleo era exportado pela
Petrobras aos EUA via Peru. Agora, entregará o produto à YPFB na refinaria.
"A YPFB, como uma
empresa do Estado, tem
de entrar na cadeia de produção depois de consolidar a nacionalização", disse Morales anteontem, segundo a agência oficial.
A nova medida é uma
versão mais branda de
uma resolução ministerial
promulgada em setembro,
e revogada em seguida, na
qual a Bolívia seqüestrava
o fluxo de caixa das refinarias e assumia a comercialização de seus produtos.
Na época, a resolução
provocou uma dura resposta do Planalto. O governo boliviano recuou, e
o ministro dos Hidrocarbonetos da época, Andrés
Soliz Rada, tido como radical, pediu demissão após
ter sido desautorizado.
Com o decreto de anteontem, Morales cumpre
a ameaça de limitar as
operações das refinarias
da Petrobras como forma
de pressionar a empresa a
vendê-las ao Estado boliviano, conforme determina o decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos. Hoje, a medida completa um ano e um mês
-foi assinada no dia 1º de
maio de 2006, quando militares bolivianos ocuparam as instalações da empresa brasileira.
As negociações para a
venda das refinarias atravessam um longo impasse
em torno do preço.
Morales quer pagar pelo
valor patrimonial (cerca
de US$ 70 milhões) , mas a
Petrobras quer cerca de
US$ 215 milhões, afirmando que a oferta está abaixo
do mercado e não compensa investimentos feitos desde 1999, quando as
comprou do Estado boliviano por cerca de US$
100 milhões.
Durante encontro com
Lula, em meados de abril,
Morales disse que pretendia retomar as refinarias
até o último 1º de maio,
para marcar o aniversário
da nacionalização. Em
resposta, o brasileiro disse
que haveria retaliações caso isso ocorresse.
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