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Comitê julga Wolfowitz culpado, diz jornal
Presidente do Banco Mundial pode ter de deixar seu cargo devido a caso envolvendo sua namorada
DE WASHINGTON
A permanência de Paul Wolfowitz à frente do Banco Mundial (Bird) pode ser uma questão de dias. Um dos arquitetos
da Guerra do Iraque, o presidente da entidade multilateral
foi considerado culpado de
conflito de interesses por um
comitê interno ao manobrar
para que a namorada, Shaha
Ali, também funcionária do
banco, fosse promovida e recebesse um aumento salarial em
2005.
A conclusão do comitê não
viria com uma recomendação
de punição ao executivo e ainda
não foi divulgada oficialmente,
mas o jornal "The New York Times" a publicou em seu site ontem, baseado em entrevistas
com membros que participaram das reuniões ou tiveram
acesso aos documentos.
O comitê é formado por sete
dos 24 diretores-executivos do
banco. Pode tanto sugerir a renúncia de Wolfowitz quanto
afirmar que o presidente perdeu a confiança de seus diretores, o que o levaria a pedir demissão.
O ex-membro do gabinete de
George W. Bush encontra mais
resistência entre os europeus.
Esses ameaçam acabar com a
regra não-escrita segundo a
qual a presidência do banco ficaria sempre com um norte-americano, enquanto a de sua
entidade-irmã, o Fundo Monetário Internacional (FMI), caberia a um europeu.
O acordo vem sendo seguido
desde a criação das entidades,
logo após a Segunda Guerra
Mundial.
"Acho que o banco só pode
realizar um bom trabalho se tiver uma reputação boa e sólida", disse o ministro das Finanças holandês, Wouter Bos, ao
chegar a um encontro realizado
com outros ministros europeus
em Bruxelas, segundo a agência
de notícias "Bloomberg". "Estou preocupado com sua reputação."
Saída de assessor
A aumentar a pressão, ontem
ainda um dos homens de confiança do presidente anunciou
que deixaria o banco dentro de
uma semana. Trata-se de Kevin
Kellems, 42, ex-porta-voz do
vice-presidente Dick Cheney e
ex-funcionário do Pentágono,
levado ao Bird por Wolfowitz
para ser seu principal assessor
na área de comunicações.
Numa declaração por escrito
confirmada por Marwan Muasher, diretor de relações externas do banco, o ex-assessor diz
que sua ação foi motivada pelo
"atual ambiente em torno da liderança", o que tornaria "impossível levar adiante a missão
da instituição".
Kellems, que esteve no Brasil
em dezembro de 2005, era chamado por seus críticos de
"guardião do pente".
O apelido se deve a sua aparição involuntária em "Fahrenheit 11 de Setembro", de Michael Moore. No documentário, é Kellems quem entrega
um pente a Wolfowitz antes de
uma aparição gravada desse,
ainda como subsecretário de
Defesa de Bush; numa das seqüências mais famosas do filme, o chefe passa o pente na boca antes e depois de pentear o
cabelo.
O apelido ilustra a resistência
encontrada por Wolfowitz internamente. Além do caso de
nepotismo, ele é criticado por
membros do banco pela contratação de Kellems e de Robin
Cleveland, outra assessora levada por ele, por seus salários
elevados para o padrão da instituição (US$ 250 mil por ano cada um, ou cerca de R$ 44 mil
por mês) e pelo grau de poder
que tinham.
Até a conclusão desta edição,
Cleveland continuava no Bird.
(SÉRGIO DÁVILA)
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