|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Agrofolha
Governo tenta conter extinção da lagosta no país
Medidas limitam a pesca a 2.687 embarcações, 55% menor do que a frota vigente; objetivo é ordenar captura do animal
Governo também estende período de proibição da pesca do crustáceo em 45 dias e prevê R$ 3,5 mi para aumentar a fiscalização
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Para ordenar a captura da lagosta e impedir até a sua extinção, o governo federal limitou a
atividade a 2.687 embarcações,
aumentou o período de proibição da pesca neste ano e incrementou a fiscalização por todo
o litoral brasileiro.
O número de barcos que agora conseguiram a permissão é
55% menor do que o da frota
que vinha capturando o crustáceo -cerca de 6.000 barcos. Os
cerca de 1.300 que tinham autorização -o restante era ilegal- estão entre os que poderão continuar a pescar.
Apesar da crise do setor, a lagosta continua a ser exportada
pelo país. Foram US$ 89 milhões em 2006, segundo a Secex (Secretaria de Comércio
Exterior), o equivalente a 24%
dos US$ 372,5 milhões em
crustáceos exportados pelo
Brasil no ano, soma que inclui
camarões criados em cativeiro.
Toda a lagosta produzida é capturada em alto-mar.
A pesca é feita principalmente por meio de barcos pequenos, que depois vendem o crustáceo para grandes empresas. O
maior comprador externo da
lagosta brasileira são os EUA.
Mais da metade da lagosta pescada aqui (67%), porém, fica
mesmo no mercado interno.
O ordenamento do setor é
uma tentativa de repor os estoques e voltar ao patamar alcançado na década passada, quando chegaram a ser capturadas
13 mil toneladas de lagosta em
um único ano (1990), com faturamento de US$ 132,4 milhões
em exportações. Em 2006, foram 7.000 toneladas. Segundo
pescadores, por causa da pesca
predatória, o crustáceo está cada vez mais raro.
"Só controlando a pesca e
protegendo a reprodução da lagosta o setor pode se recuperar.
Caso contrário, o caminho seria até mesmo a extinção da espécie no litoral brasileiro", disse René Scharer, um dos fundadores do Instituto Terramar,
ONG que lida com assuntos
marinhos. Ele também é líder
dos pescadores artesanais da
Prainha do Canto Verde, em
Beberibe (CE).
Além de restringir o número
de permissões para a pesca do
crustáceo, o governo decidiu,
para minimizar danos ao ambiente marinho, controlar a
forma de captura. Assim, instrumentos antes comuns, como a caçoeira (rede de arrasto),
foram proibidos e devem ser
substituídos pelo manzuá, uma
armadilha não-predatória.
A confecção desse novo instrumento deverá ser feita pelos
próprios pescadores excluídos
da lista de autorizações para a
pesca. Para aprender a fazer a
armadilha, cerca de 1.500 antigos pescadores deverão receber
capacitação do governo federal.
Pronaf
Aos pescadores que seguirão
no mar serão destinados R$ 11
milhões do Pronaf (Programa
Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar) para a
compra de equipamentos.
Para dar tempo ao setor se
adaptar às novas regras, o governo ampliou por 45 dias o período do defeso, época em que a
pesca da lagosta é proibida.
Normalmente, a proibição vai
de 1º de janeiro a 30 de abril,
mas, neste ano, será prolongada até 15 de junho.
Pescadores artesanais que
cobram mudanças no setor há
anos temem que a falta de fiscalização inviabilize as mudanças. A Seap (Secretaria Especial
de Aqüicultura e Pesca) anunciou que vai investir R$ 3,5 milhões na ampliação da fiscalização, que deve se estender do
Amapá ao Espírito Santo.
"A eficácia da fiscalização é
de suma importância, pois, sem
ela, todas as medidas tomadas
perdem toda a credibilidade",
disse o ministro Altemir Gregolin, da Seap.
Texto Anterior: Exportações de carne bovina aumentam 50%
Próximo Texto: Frases Índice
|