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Exportações de carne bovina aumentam 50%
Valor agregado e intermediação menor puxam receita
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O Brasil está ganhando novos
mercados, ofertando produto
de maior valor agregado e
aprendendo a comercializar a
carne no exterior. O resultado é
um avanço de 50% nas receitas
obtidas com carne "in natura"
neste primeiro quadrimestre,
em relação a idêntico período
de 2006.
É o que mostram os dados referentes ao setor divulgados
ontem pela Abiec (Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne). As exportações totais acumuladas
até abril já somam US$ 1,42 bilhão, e só as carnes "in natura"
atingiram US$ 1,11 bilhão.
Marcus Vinicius Pratini de
Moraes, presidente da Abiec,
diz que essa evolução tão acentuada reflete um pouco o momento ruim vivido pelo setor
no início do ano passado, devido à ocorrência da febre aftosa
em outubro de 2005, em Mato
Grosso do Sul.
Mesmo assim, a Abiec prevê
que as exportações de carne bovina vão superar os US$ 4,5 bilhões neste ano. "Tudo depende da velocidade que forem retiradas as barreiras colocadas
sobre alguns Estados", diz o
presidente da entidade.
O ritmo das exportações está
tão forte que Pratini previa
uma evolução de 10% no volume neste ano. Os dados do primeiro quadrimestre já mostram um desempenho 35%
maior.
No mês passado, as receitas
com as exportações de carne
atingiram US$ 346 milhões,
39% a mais do que no mesmo
mês de 2006. Já o volume embarcado cresceu 37%, atingindo 213 mil toneladas.
A expansão das exportações
continua também neste mês.
Dados divulgados ontem pela
Secex (Secretaria de Comércio
Exterior) mostram que as receitas na primeira semana somaram US$ 56 milhões por dia
para as três carnes (bovina, suína e de frango). Esse valor supera em 80% o de igual período
do ano passado.
Pratini diz que o Brasil está
deixando de exportar apenas
"carne commodity" e passa a
vender cortes mais nobres.
Além disso, o país começa a
ocupar nichos de carnes especiais em países de maior poder
aquisitivo, como os da Europa.
Na Itália, por exemplo, o volume exportado dobrou nos últimos anos, mas as receitas cresceram várias vezes.
Pratini diz que, nesta semana, a Abiec promove churrascos na Jordânia e em Marrocos,
dois mercados novos para o
país. Nos próximos meses será
a vez de Alemanha e Rússia. O
objetivo desses eventos, segundo ele, é mostrar a qualidade do
produto brasileiro.
Além de um mercado maior e
com carnes mais nobres, Pratini acrescenta um item importante para o aumento de receitas do Brasil no setor. Antes, a
carne brasileira chegava a passar por até sete intermediações
para chegar ao consumidor externo. Agora, muitas operações
são feitas com apenas um distribuidor.
Com isso, houve uma incorporação maior de receitas para
o produtor brasileiro, diz o presidente da Abiec. Essa parceria
com a distribuição faz com que
a carne brasileira vá direto às
redes de supermercados ou aos
restaurantes.
Vários frigoríficos já fazem
operações semelhantes a essas.
Pratini cita os exemplos de Bertin em Portugal, Marfrig em
Londres e JBS-Friboi nos Estados Unidos.
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