São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

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Exportações de carne bovina aumentam 50%

Valor agregado e intermediação menor puxam receita

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O Brasil está ganhando novos mercados, ofertando produto de maior valor agregado e aprendendo a comercializar a carne no exterior. O resultado é um avanço de 50% nas receitas obtidas com carne "in natura" neste primeiro quadrimestre, em relação a idêntico período de 2006.
É o que mostram os dados referentes ao setor divulgados ontem pela Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne). As exportações totais acumuladas até abril já somam US$ 1,42 bilhão, e só as carnes "in natura" atingiram US$ 1,11 bilhão.
Marcus Vinicius Pratini de Moraes, presidente da Abiec, diz que essa evolução tão acentuada reflete um pouco o momento ruim vivido pelo setor no início do ano passado, devido à ocorrência da febre aftosa em outubro de 2005, em Mato Grosso do Sul.
Mesmo assim, a Abiec prevê que as exportações de carne bovina vão superar os US$ 4,5 bilhões neste ano. "Tudo depende da velocidade que forem retiradas as barreiras colocadas sobre alguns Estados", diz o presidente da entidade.
O ritmo das exportações está tão forte que Pratini previa uma evolução de 10% no volume neste ano. Os dados do primeiro quadrimestre já mostram um desempenho 35% maior.
No mês passado, as receitas com as exportações de carne atingiram US$ 346 milhões, 39% a mais do que no mesmo mês de 2006. Já o volume embarcado cresceu 37%, atingindo 213 mil toneladas.
A expansão das exportações continua também neste mês. Dados divulgados ontem pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que as receitas na primeira semana somaram US$ 56 milhões por dia para as três carnes (bovina, suína e de frango). Esse valor supera em 80% o de igual período do ano passado.
Pratini diz que o Brasil está deixando de exportar apenas "carne commodity" e passa a vender cortes mais nobres. Além disso, o país começa a ocupar nichos de carnes especiais em países de maior poder aquisitivo, como os da Europa. Na Itália, por exemplo, o volume exportado dobrou nos últimos anos, mas as receitas cresceram várias vezes.
Pratini diz que, nesta semana, a Abiec promove churrascos na Jordânia e em Marrocos, dois mercados novos para o país. Nos próximos meses será a vez de Alemanha e Rússia. O objetivo desses eventos, segundo ele, é mostrar a qualidade do produto brasileiro.
Além de um mercado maior e com carnes mais nobres, Pratini acrescenta um item importante para o aumento de receitas do Brasil no setor. Antes, a carne brasileira chegava a passar por até sete intermediações para chegar ao consumidor externo. Agora, muitas operações são feitas com apenas um distribuidor.
Com isso, houve uma incorporação maior de receitas para o produtor brasileiro, diz o presidente da Abiec. Essa parceria com a distribuição faz com que a carne brasileira vá direto às redes de supermercados ou aos restaurantes.
Vários frigoríficos já fazem operações semelhantes a essas. Pratini cita os exemplos de Bertin em Portugal, Marfrig em Londres e JBS-Friboi nos Estados Unidos.


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