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IGP-DI em 12 meses já ultrapassa 10%
Índice, que não é o que baliza a meta oficial de inflação do governo, é o maior desde março de 2005; em abril, variação foi de 1,12%
Custos industriais subiram em vários setores, segundo
a FGV; antes concentrada
nos agrícolas, inflação está
agora mais generalizada
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Pressionado especialmente
por altas de produtos industriais no atacado, o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) saltou de
0,70% em março para 1,12% em
abril, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). Em 12 meses, o índice superou a marca de
dois dígitos: bateu em 10,24%
-maior variação desde março
de 2005 (10,90%).
O IPA (Índice de Preços por
Atacado) avançou de 0,80% em
março para 1,30% em abril. Foi
impulsionado pelo aumento
dos preços industriais -de
1,77% em abril, contra 0,94%
em março. Já os agrícolas, após
meses de forte pressão, arrefeceram: subiram só 0,08% em
abril, contra 0,46% em março.
"Os custos industriais subiram em muitos setores", disse
Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da
FGV. Ele citou as altas do minério de ferro, fertilizantes, produtos siderúrgicos e alumínio.
Segundo ele, os reajustes dos
industriais mostram que a inflação está agora mais generalizada -antes, as pressões estavam concentradas nos produtos agrícolas, que subiram menos por causa do recuo da soja e
dos ovos. Tal fenômeno, diz,
talvez demande uma ação mais
firme do Banco Central na condução da política monetária.
"As pressões inflacionárias
estão mais fortes e generalizadas. Não há um descontrole
nem uma disparada, mas talvez
o BC tenha de elevar um pouco
mais os juros e por um período
um pouco maior."
Atualmente, boa parte do
mercado espera, pelo menos,
mais três aumentos de 0,5 ponto percentual na taxa básica de
juros. No mês passado, o BC
elevou a Selic de 11,25% ao ano
para 11,75% -a primeira alta
desde maio de 2005. O BC já sinalizou que o aperto monetário
não será prolongado.
Segundo o economista Luiz
Roberto Cunha, professor da
PUC-RJ, a alta dos produtos industriais traz um ingrediente
novo ao cenário já preocupante
de inflação e indica "claramente uma pressão de demanda"
-algo que o BC tenta frear com
a elevação dos juros.
Com perspectiva de novos
aumentos como o do diesel,
Cunha diz que o IGP-DI se
manterá pressionado e só deve
ceder no segundo semestre, para taxas entre 0,30% e 0,50%.
Mesmo assim, diz, o indicador
deve fechar 2008 num nível
"muito alto" -entre 8,5% e 9%.
O índice acumulado em 12
meses continuará subindo e
deve chegar a 12%, pois a inflação em maio e junho de 2007
foi baixa, o que não deve se repetir neste ano, diz Cunha.
Outra grande preocupação
do BC é que os aumentos no
atacado cheguem ao varejo, o
que acontece mais facilmente
num cenário de consumo aquecido como agora.
Quadros também crê no recuo da inflação somente no segundo semestre. Diz que o aumento de 15% do diesel nas refinarias, a partir do dia 2 deste
mês, será uma importante fonte de pressão do IGP-DI -o peso do produto no índice é de
2,54%. Os preços no atacado representam 60% do IGP-DI, e o
combustível é usado na indústria e por transportadoras.
A alta do IGP-DI preocupa
porque o índice ainda corrige
parte da tarifa de telefonia e alguns contratos privados. O
IGP-M é o indexador dos contratos de energia e aluguéis.
Uma forte alta desses índices
neste ano contaminará a inflação ao consumidor em 2009.
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