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Reeleição de FHC é faca de dois gumes
da Reportagem Local
A corrida pela reeleição do presidente FHC, autorizada na semana
passada pelo Congresso Nacional,
é uma faca de dois gumes para as
Bolsas de Valores.
De um lado, a possibilidade de o
presidente reeleger-se e dar continuidade ao Plano Real anima o
mercado. Para os analistas, se a coligação PSDB/PFL vencer novamente, a moeda poderá continuar
estável, amarrada à "âncora cambial" (controle da inflação por
meio do freio na taxa de câmbio e
abertura às importações). Além
disso, as privatizações prosseguirão, bem como as principais reformas do Estado brasileiro (fiscal,
administrativa, previdenciária).
De outro lado, porém, o início
precoce da disputa eleitoral pode
atrasar ainda mais as votações das
mudanças na composição das receitas e despesas do governo nas
três esferas (federal, estadual e
municipal), dos fins dos privilégios do funcionalismo público e
do saneamento e privatização de
um pedaço da Previdência Social.
O jogo, afinal, é político e já começou, afirma Walter Brasil, presidente da Lloyds Asset Management. "Vai ser difícil conciliar as
reformas do Real num ano eleitoral, pois os 'lobbies' são muito fortes. No máximo, o governo vai
promover uma reforma administrativa mixuruca", avalia Brasil.
Os economistas Carlos Kawall
Ferreira e Antonio de Castro, do
Citibank, têm a mesma preocupação. Para eles, o fato de FHC ter
convencido o deputado Luís
Eduardo Magalhães a exercer a
coordenação política na Câmara
mostra que o governo não está seguro de dispor da maioria necessária para prosseguir com as reformas em ritmo acelerado.
"De qualquer forma, não parece
haver muito espaço para prolongar a votação da reforma administrativa, sob pena de inviabilizar
sua conclusão antes do início da
próxima temporada eleitoral de
1998", escreveram ambos no último relatório de mercado ("stock
guide") enviado aos clientes.
Para Marcelo Audi, chefe da área
de análise de investimentos da
Merrill Lynch, as reformas continuarão lentas, mas o importante é
que não haverá reversão na tendência de abertura da economia,
da privatização e do ajuste das empresas brasileiras à globalização.
"Não dá para ser otimista demais com as reformas constitucionais", afirma Audi.
Por razões diferentes, Audi e
Brasil acham que mais importante
-do ponto de vista negativo- será a gradual redução dos fluxos de
investimento para a América Latina, em benefício dos mercados
asiáticos.
(MILTON GAMEZ)
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