São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2000


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MINERAÇÃO
Segunda rodada de licitações registra interesse por 21 das 23 áreas
Propostas para petróleo e gás surpreendem ANP

CHICO SANTOS
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

A segunda rodada de licitações para exploração e produção de petróleo e gás no país terminou com um saldo surpreendente e bem diferente do da primeira versão, promovida em junho do ano passado.
Das 23 áreas que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) levou a leilão ontem, apenas duas ficaram sem propostas -uma em bacia terrestre e outra na marítima. Em 99, sobraram 15 das 27 áreas ofertadas.
A estatal Petrobras, ex-detentora do monopólio do petróleo no país, mais uma vez voltou a se destacar em presença e negócios bem-sucedidos, repetindo a performance da primeira rodada. Arrematou, sozinha ou em consórcios, oito das nove áreas que disputou.
A ANP, órgão do governo responsável pelas licitações, arrecadou neste ano R$ 468,26 milhões com as licitações, 45,6% a mais do que foi arrecadado no ano passado.
Os índices de uso de equipamentos e serviços de empresas nacionais previsto para as várias etapas da busca de petróleo e gás também cresceram. Na fase de exploração, passaram de cerca de 27% no ano passado para 41% neste ano.
Para a fase de desenvolvimento da produção do que for encontrado, o índice de nacionalização passou de cerca de 28% para 47%.
A maioria (12) dos blocos foi disputada por mais de uma empresa ou consórcio, o que resultou em ágios sobre o preço mínimo da concessão. O maior deles foi oferecido por um bloco marítimo da bacia de Santos (38.659%), pago pela Petrobras em consórcio com a British Gas e a YPF.
O preço mínimo refere-se, na verdade, ao chamado bônus de assinatura, um valor quase simbólico diante dos vultosos investimentos do setor petrolífero.
Até mesmo áreas localizadas em bacias terrestres, desprezadas na primeira rodada, foram alvo de competição.
David Zylbersztajn, diretor-geral da ANP, disse que definia a licitação com uma só palavra: sucesso. Ele também considera natural a grande participação da Petrobras. "Afinal, estamos no Brasil", disse.
Para ele, o estranho seria fazer alguma restrição à participação da estatal. O processo de desmonopolização, acrescentou, se reflete no aumento do número de empresas nesse mercado, em especial no de grupos nacionais.
Das 44 empresas habilitadas a participar do leilão, 27 compareceram, das quais 17 saíram vitoriosas. Das 21 áreas leiloadas com sucesso, 14 contavam com a presença de empresas brasileiras entre os vencedores.
Além das petrolíferas que já atuam no país, como Shell e YPF, mais três novas empresas estarão operando no setor. Entre elas, destaca-se a Marítima, empresa nacional que representou a Rainier Engineering.
Segundo o presidente da Marítima German Efromovich, essa empresa é o sócio financeiro baseado nos EUA. Protagonista do episódio envolvendo atraso na entrega de plataformas para a Petrobras, a Marítima levou quatro áreas para exploração de petróleo, tendo disputado seis. A portuguesa Petrogal também está debutando no mercado nacional, assim como a PanCanadian e a South Korea Corporation.
Os australianos da Fay RichWhite e os alemães da Wintershall bem que tentaram entrar no mercado interno, mas seus lances pelas concessões não foram suficientes.
Outras três brasileiras estão na corrida por petróleo e gás: Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão e Ipiranga.

Petrobras
O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Coutinho Barbosa, disse que a empresa teve como principal estratégia arrematar todos os blocos da bacia de Santos. Segundo ele, é a última área do país passível de descobertas gigantes. No ano passado, a empresa descobriu um campo na área, com reservas estimadas em até 700 milhões de barris.


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