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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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CÚPULA DESCONEXA

Fazenda, Banco do Brasil e Caixa são contra idéia de Lula para reduzir taxas; Berzoini apóia uso político

Baixar juro via banco oficial racha governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de usar os bancos estatais para forçar a queda dos juros cobrados dos clientes rachou a cúpula do governo. O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, disse, na sexta-feira, que não é possível fazer isso antes da queda da Selic sem afetar a rentabilidade do banco.
"Não faz sentido um patrimônio público como o Banco do Brasil e a Caixa ficar subordinado a metas de rentabilidade desvinculada de um objetivo social", insistiu, em entrevista na tarde da última quinta-feira, o ministro Ricardo Berzoini (Previdência), na mesma linha do discurso de Lula na semana passada.
A intenção do presidente é desviar o foco da discussão sobre a taxa de juros arbitrada pelo Banco Central e jogar o debate para os elevados ganhos dos bancos com as operações de crédito.
Num primeiro momento, porém, tudo indica que o movimento de Lula não terá resultado, porque o comando dos dois principais bancos oficiais, o BB e a Caixa Econômica Federal, trabalham afinados com o Ministério da Fazenda, contra o uso político dessas instituições.
No passado, o BB e a Caixa receberam socorros bilionários do Tesouro Nacional, ou seja, dos contribuintes. Em 95, o governo transferiu R$ 8 bilhões ao Banco do Brasil. Em 2001, a reestruturação da Caixa somou R$ 9,5 bilhões.
Até agora, a principal contribuição prevista dos bancos oficiais é o pacote de microcrédito em estudo desde janeiro e que Lula deve anunciar nos próximos dias. Mas o dinheiro -que pode chegar a R$ 700 milhões- só deve começar a sair no ano que vem.
(MARTA SALOMON, LEONARDO SOUZA E VIVALDO DE SOUSA)


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