São Paulo, quarta-feira, 08 de junho de 2005

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CONTAS PÚBLICAS

Ganho das empresas do governo aumenta 8,4% em 2004, mas repasses para a União recuam 6,5%

Lucro de estatal não reforça caixa do Tesouro

JULIANA SOFIA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os elevados lucros registrados pelas maiores empresas estatais federais no ano passado não garantiram mais dinheiro para o caixa do Tesouro Nacional. Embora em 2004 a soma dos ganhos da Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e Eletrobrás tenha crescido 8,39% em relação ao ano anterior, o repasse de dividendos para a União caiu 6,51%.
Os lucros dessas empresas em 2004 -uma parte repassada no próprio ano e outra parcela paga em 2005- somaram R$ 25,094 bilhões. Do valor global, R$ 3,374 bilhões foram convertidos em dividendos para o governo federal, segundo levantamento realizado pela Folha com as estatais e a Secretaria do Tesouro.
A redução nos recursos transferidos para a União foi puxada por Petrobras, Caixa e Eletrobrás. A gigante da área petrolífera, apesar de ter alcançado um lucro recorde de R$ 17,861 bilhões em 2004, repassou ao governo federal um valor 10,61% menor que o do ano anterior. Foi destinado aos cofres do Tesouro R$ 1,684 bilhão relativo aos ganhos de 2004, contra R$ 1,884 bilhão, referentes a 2003.
De acordo com o coordenador-geral de Responsabilidade Financeira e Haveres Mobiliários do Tesouro, Eduardo Coutinho, a diminuição no valor nominal pago pela Petrobras se deve a ajustes de exercícios anteriores.
Isso significa que, por meio de um procedimento contábil, a empresa fez correções nos balanços de anos anteriores e transferiu a diferença apurada para as demonstrações do ano passado.
No caso da Caixa, a distribuição dos dividendos foi menor porque o lucro da estatal também foi menor. Enquanto em 2003 o banco estatal anunciou ganhos de R$ 1,616 bilhão, no ano passado o resultado caiu para R$ 1,419 bilhão. Com isso, os dividendos minguaram de R$ 809,9 milhões para R$ 524 milhões -queda de 35,3%.
Coutinho detalhou que o pagamento desse valor foi antecipado para o Tesouro em dezembro do ano passado, e a tendência é que não haja acréscimo no montante.
Já a Eletrobrás, que viu seus lucros aumentarem 300% entre 2003 e 2004, reduziu seus repasses ao Tesouro em 6,32%. A empresa informou, por meio de sua assessoria, que o valor dos dividendos distribuídos anualmente é decidido em assembléias de acionistas e que essa distribuição nem sempre acompanha o comportamento dos lucros alcançados em cada período. A União possui 52,45% das ações da Eletrobrás.
O Banco do Brasil, após verificar em 2004 um lucro sem antecedentes na história da instituição (R$ 3,024 bilhões), repassou para seu maior acionista R$ 686,88 milhões em dividendos. No ano anterior, o pagamento havia sido de R$ 537,12 milhões.
O pagamento de dividendos pelo BNDES, apesar de ter aumentado em 2004 na comparação com 2003, poderia ter sido maior não fosse a política adotada desde o início da administração Lula.
Com o objetivo de capitalizar o banco, o governo decidiu pagar o limite mínimo em dividendos nos últimos dois anos. O piso estabelecido por lei é de 25% do lucro líquido da empresa. Mas, descontada a reserva legal de 5%, na prática o limite cai para 23,75%.
Em 2003, o BNDES repassou R$ 246,4 milhões ao Tesouro por conta de um lucro de R$ 1,037 bilhão. Os dividendos de 2004 ficaram em R$ 355,7 milhões, referentes a um ganho recorde na história do banco de R$ 1,497 bilhões. O pagamento para o governo federal ocorreu em abril.


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