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CONTAS PÚBLICAS
Ganho das empresas do governo aumenta 8,4% em 2004, mas repasses para a União recuam 6,5%
Lucro de estatal não reforça caixa do Tesouro
JULIANA SOFIA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os elevados lucros registrados
pelas maiores empresas estatais
federais no ano passado não garantiram mais dinheiro para o
caixa do Tesouro Nacional. Embora em 2004 a soma dos ganhos
da Petrobras, Banco do Brasil,
Caixa Econômica Federal,
BNDES e Eletrobrás tenha crescido 8,39% em relação ao ano anterior, o repasse de dividendos para
a União caiu 6,51%.
Os lucros dessas empresas em
2004 -uma parte repassada no
próprio ano e outra parcela paga
em 2005- somaram R$ 25,094
bilhões. Do valor global, R$ 3,374
bilhões foram convertidos em dividendos para o governo federal,
segundo levantamento realizado
pela Folha com as estatais e a Secretaria do Tesouro.
A redução nos recursos transferidos para a União foi puxada por
Petrobras, Caixa e Eletrobrás. A
gigante da área petrolífera, apesar
de ter alcançado um lucro recorde
de R$ 17,861 bilhões em 2004, repassou ao governo federal um valor 10,61% menor que o do ano
anterior. Foi destinado aos cofres
do Tesouro R$ 1,684 bilhão relativo aos ganhos de 2004, contra R$
1,884 bilhão, referentes a 2003.
De acordo com o coordenador-geral de Responsabilidade Financeira e Haveres Mobiliários do Tesouro, Eduardo Coutinho, a diminuição no valor nominal pago pela Petrobras se deve a ajustes de
exercícios anteriores.
Isso significa que, por meio de
um procedimento contábil, a empresa fez correções nos balanços
de anos anteriores e transferiu a
diferença apurada para as demonstrações do ano passado.
No caso da Caixa, a distribuição
dos dividendos foi menor porque
o lucro da estatal também foi menor. Enquanto em 2003 o banco
estatal anunciou ganhos de R$
1,616 bilhão, no ano passado o resultado caiu para R$ 1,419 bilhão.
Com isso, os dividendos minguaram de R$ 809,9 milhões para R$
524 milhões -queda de 35,3%.
Coutinho detalhou que o pagamento desse valor foi antecipado
para o Tesouro em dezembro do
ano passado, e a tendência é que
não haja acréscimo no montante.
Já a Eletrobrás, que viu seus lucros aumentarem 300% entre
2003 e 2004, reduziu seus repasses
ao Tesouro em 6,32%. A empresa
informou, por meio de sua assessoria, que o valor dos dividendos
distribuídos anualmente é decidido em assembléias de acionistas e
que essa distribuição nem sempre
acompanha o comportamento
dos lucros alcançados em cada
período. A União possui 52,45%
das ações da Eletrobrás.
O Banco do Brasil, após verificar em 2004 um lucro sem antecedentes na história da instituição
(R$ 3,024 bilhões), repassou para
seu maior acionista R$ 686,88 milhões em dividendos. No ano anterior, o pagamento havia sido de
R$ 537,12 milhões.
O pagamento de dividendos pelo BNDES, apesar de ter aumentado em 2004 na comparação com
2003, poderia ter sido maior não
fosse a política adotada desde o
início da administração Lula.
Com o objetivo de capitalizar o
banco, o governo decidiu pagar o
limite mínimo em dividendos nos
últimos dois anos. O piso estabelecido por lei é de 25% do lucro líquido da empresa. Mas, descontada a reserva legal de 5%, na prática o limite cai para 23,75%.
Em 2003, o BNDES repassou R$
246,4 milhões ao Tesouro por
conta de um lucro de R$ 1,037 bilhão. Os dividendos de 2004 ficaram em R$ 355,7 milhões, referentes a um ganho recorde na história do banco de R$ 1,497 bilhões. O pagamento para o governo federal ocorreu em abril.
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