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Comprador da Varig não deve ter dívida
Esse é o parecer da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional; governo tenta atrair investidores para o leilão da aérea
Principais interessados no
leilão de hoje são OceanAir,
TGV (Trabalhadores do
Grupo Varig) e fundo de
investimentos estrangeiro
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional divulgou ontem um parecer que afirma que
o comprador da Varig não deverá assumir as dívidas tributárias da empresa. O documento
representa um último esforço
do governo para que investidores participem hoje do leilão de
venda de parte da companhia.
Entretanto, o parecer condiciona a não-sucessão de dívidas
à manutenção, na parte da Varig que ficará com o passivo, de
bens suficientes para o pagamento integral dos credores.
Isso, na avaliação de advogados
ouvidos pela reportagem, é
muito difícil de acontecer.
Em relação ao passivo trabalhista, o Ministério Público do
Trabalho informou ontem que
entende que há sucessão de dívidas na venda da Varig e que
pretende recorrer na semana
que vem da decisão do juiz Luiz
Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, que determinou que
o comprador não herdará o
passivo com os trabalhadores.
"Não concordamos com essa
decisão. Os artigos 10 e 448 da
CLT [Consolidação das Leis do
Trabalho] dizem expressamente que haverá sucessão trabalhista nesse tipo de caso", disse
Rodrigo Carelli, coordenador
de combate às fraudes nas relações do trabalho do MPT.
O leilão ocorrerá em clima de
temor de cancelamento, já que,
segundo a Folha apurou, uma
ação cautelar pedindo sua suspensão foi protocolada ontem.
Os candidatos mais cotados
até agora para protagonizar a
disputa pela Varig são a OceanAir, do empresário German
Efromovich, e o escritório de
advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra, que representa um
fundo de investimentos.
Ao mesmo tempo, a TGV
(Trabalhadores do Grupo Varig) informou que participará
do leilão por meio de um consórcio e que dará lances pela
companhia no leilão de hoje.
Além desses interessados,
TAM, Gol, Aero-LB (consórcio
liderado pela portuguesa TAP)
e o serviço de reservas de passagens Amadeus acessaram informações da Varig no "data
room" (disponibilização de dados sobre a companhia aos interessados no leilão), mas não
se acredita que essas empresas
façam lances pela companhia.
O edital de leilão da Varig
prevê que o investidor faça um
aporte de US$ 75 milhões três
dias após a venda da companhia aérea, antes mesmo que o
vencedor obtenha a autorização da Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil).
Tentativa final
O leilão de venda de uma parcela da empresa foi a única solução encontrada para evitar a
falência da empresa, que aderiu
à nova Lei de Recuperação Judicial em junho de 2005. Desde
então, a Varig conseguiu renovar uma liminar na Justiça dos
EUA que impede o arresto das
aeronaves diversas vezes. Com
o caixa apertado, precisou negociar com fornecedores para
manter as operações.
Várias iniciativas foram tomadas para tornar o leilão uma
oportunidade mais atraente
para os investidores.
O juiz Ayoub incluiu no processo duas decisões que garantem que não há sucessão de dívida, o que não conseguiu tranqüilizar os interessados porque
essas decisões podem ser mudadas em instâncias superiores. A Varig tem dívidas declaradas de R$ 7,9 bilhões.
O esforço para incentivar a
venda da companhia em leilão
incluiu também declarações do
ministro da Defesa, Waldir Pires. Ele elogiou a conduta do
Tribunal de Justiça do Rio no
processo de recuperação da Varig e disse concordar com a decisão de que o novo dono não
deve assumir as dívidas.
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