São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Salário mínimo é referência para reajustes

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento real que o salário mínimo vem conquistando desde 2003 serve de referência nas negociações salariais de categorias menos organizadas.
Esse fato, somado ao aumento de demanda por prestadores de serviços, em conseqüência da expansão do emprego e da renda, tem resultado em ganhos reais para trabalhadores que antes não conseguiam sequer recuperar as perdas da inflação no contracheque.
"A doméstica recebe reajuste toda vez que o salário mínimo aumenta. Ele serve de parâmetro para nossa categoria. Nas regiões em que existe o mínimo regional, como São Paulo e Rio, por exemplo, os reajustes são ainda melhores", diz Creuza Maria Oliveira, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos.
"Mas é bom lembrar que ainda há problemas gravíssimos na categoria, como a baixa escolaridade, a falta de registro e até mesmo o trabalho quase escravo em regiões como o Nordeste", diz a sindicalista. No país, existem cerca de 8 milhões de empregados domésticos, segundo o IBGE.
A média salarial de uma costureira em São Paulo e Osasco é de R$ 850 -25% maior do que a do ano passado (R$ 650), segundo o sindicato da categoria.
Esse aumento ocorreu porque no ano passado o sindicato conseguiu criar a função de costureira-piloto -profissional capaz de desenhar, moldar, cortar e costurar uma peça.
"Conseguimos negociar em R$ 732 o piso mínimo para a costureira-piloto. Por isso, o salário médio da categoria subiu mais que a inflação [INPC, índice mais usado nas negociações salariais]", diz Eunice Cabral, presidente do sindicato.
Na capital paulista e em Osasco são 80 mil costureiras com carteira assinada. A sindicalista estima que outras 180 mil trabalhem na informalidade. A data-base da categoria é em julho. "O nosso pedido é de reajuste de 15% neste ano e temos boas chances de conseguir esse aumento", diz.
Os trabalhadores nas indústrias de calçados de Franca têm obtido aumento real de salário desde 2000, segundo Paulo Afonso Ribeiro, presidente do sindicato da categoria. O piso salarial é de R$ 520 e o salário médio, de R$ 660. Em fevereiro, data-base da categoria, o reajuste salarial dos sapateiros na região foi de 7%.
"O setor calçadista não está mais em crise. Em 1997, a indústria de calçados de Franca empregava 14 mil pessoas e hoje emprega 23 mil. As empresas se adaptaram a um novo modelo de produção, inclusive estabelecendo novos nichos de mercado. Há cinco anos, o setor exportava para 35 países. Hoje são mais de 80", diz. (FF e CR)


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