|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pedidos de crédito no BNDES para máquinas recuam quase 50%
Investimentos na produção sofrem mais com a crise, com redução da confiança dos empresários
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Um dos termômetros principais do nível de atividade da
economia, os pedidos de financiamento do BNDES ilustram
bem a freada dos investimentos
em modernização e criação de
nova capacidade da indústria
desde o acirramento da crise.
As consultas de novos empréstimos para a aquisição de
máquinas e equipamentos caíram de uma média próxima a
R$ 3 bilhões por mês em maio
de 2008 para mais de R$ 1,6 bilhão em maio deste ano, uma
retração de quase 50%.
Para Cláudio Bernardo de
Moraes, superintendente de
Área de Operações Indiretas
(repassadas por bancos) do
BNDES, a crise afetou a procura por ampliação da capacidade
das indústrias e renovação de
máquinas. Dentre os ramos financiados, a aquisição de maquinário para a própria indústria, diz, foi o que sofreu mais e
não mostra sinais de recuperação. Por outro lado, o financiamento à compra de caminhões
já começa a reagir.
"De fato, os pedidos de financiamento sentiram o impacto
da crise principalmente para
máquinas e equipamentos para
a indústria", disse Moraes.
Por seu turno, as liberações
sentem com uma certa defasagem tal movimento e recuaram
num ritmo bem mais lento, segundo os dados do BNDES.
Os desembolsos para a compra de máquinas e equipamentos caíram 3,4% nos primeiros
quatro meses do ano -de R$
6,919 bilhões de janeiro a abril
de 2008 para R$ 6,684 bilhões
no mesmo período deste ano.
Segundo Moraes, os empréstimos do banco na modalidade
Finame não recuaram também
porque o BNDES absorveu os
financiamentos que eram concedidos por outros bancos, retraídos com a crise.
Além disso, diz, havia ainda
uma "demanda reprimida" que
foi atendida neste ano, já que
em 2008 o BNDES apertou o
caixa e restringiu as liberações
da Finame -subsidiária que dá
apoio ao setor de máquinas e
equipamentos e cujos empréstimos são repassados por outros bancos, que assumem o
risco de crédito.
Não são apenas os dados do
BNDES que indicam a desaceleração dos investimentos. Segundo o IBGE, a produção de
máquinas e equipamentos caiu
22,6% de janeiro a abril deste
ano frente a igual período de
2008. Foi o maior tombo dentre todas as categorias.
Uma das maiores quedas
ocorreu em máquinas e equipamentos para a própria indústria: 31,9%. Tal desempenho
mostra o freio nos investimentos produtivos, segundo Isabela Nunes, gerente da pesquisa
de indústria do IBGE.
"Quando a economia começou a crescer, lá em 2005, os investimentos lideraram o crescimento. O investimento é
muito volátil. Depende de uma
perspectiva boa para a economia. É normal que sofra mais
na crise. Por isso, agora puxam
a queda da indústria", diz Leonardo Carvalho, do Ipea.
Para Sérgio Vale, economista
da MB Associados, o mercado
interno aquecido irá assegurar
uma recuperação um pouco
mais vigorosa no segundo semestre. Tal reação, porém, será
liderada pelos bens de consumo, e não pelo investimento,
que dependerá do retorno da
confiança do empresariado.
Texto Anterior: Taxa de juro reanima disputa Fazenda-BC Próximo Texto: Chrysler: Fundos vão à Justiça contra venda para Fiat Índice
|