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Advogados divergem sobre sindicato
DA REPORTAGEM LOCAL
A criação de sindicatos de aposentados é tema polêmico entre
advogados consultados pela Folha. Alguns afirmam que não é
possível criá-los, já que a CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho) permite a instalação de sindicatos para trabalhadores. Outros
consideram uma forma de dar
mais força a essa categoria.
"O sistema sindical brasileiro
não permite a criação de sindicato
para aposentados, como menciona o artigo 511 da CLT, pois eles
não exercem uma atividade", afirma Luis Carlos Moro, advogado
especializado na área trabalhista.
Para ele, a criação de sindicato
para aposentados é a maneira que
as centrais sindicais encontraram
para ganhar dinheiro. "Isso é captação irregular de clientela e de dinheiro. Daqui a pouco vão criar
sindicato de bandidos, o que é
mais legítimo, já que os bandidos
têm uma atividade", afirma.
Na opinião do professor e advogado Marcelo Mauad, a criação de
sindicatos de aposentados é "fruto da distorção do sistema sindical brasileiro e passa pelo oportunismo das pessoas interessadas
em manter fontes de custeio".
O advogado também acredita
que essas entidades não vão fortalecer as categorias envolvidas,
mas sim fragmentar ainda mais
seu poder de pressão. Segundo
Mauad, só 10% dos 18 mil sindicatos que existem no país representam de fato os trabalhadores.
Wladimir Novaes Martinez, advogado especializado em Previdência Social, é a favor da criação
desses sindicatos, mas desde que
os não-sócios também se beneficiem de uma ação ganha na Justiça. "O que não pode acontecer é
marginalizar o aposentado que
não está filiado a um sindicato.
Deveria ser criada uma lei para dizer que essa filiação facultativa
acontece sem prejuízo da representatividade da categoria."
Para ele, é importante o aposentado estar reunido num sindicato
forte. "Sabemos que o sindicato
vai ter algumas vezes uso político.
Mas, muitas vezes, o aposentado
não tem condições de contratar
um advogado, que pode prestar
serviço para ele no seu sindicato."
Para João José Sady, advogado
trabalhista e conselheiro da OAB-SP, o surgimento de sindicatos de
aposentados no país é positivo.
"Apesar de juridicamente não poderem existir, mesma situação
das centrais sindicais, sou favorável à atuação política dessas entidades." A organização por meio
de sindicatos é importante na manutenção e conquista de direitos,
diz. "Depois que o trabalhador se
aposenta, é tratado como cachorro morto neste país. Se coletivamente se organiza, consegue mais
influência nas decisões."
Federação
A Federação de Associações e
Departamentos de Aposentados e
Pensionistas do Estado de São
Paulo, filiada à Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e
Pensionistas), concorda com a
criação de sindicatos para aposentados, mas discorda da distribuição do dinheiro arrecadado.
Segundo Antônio Carlos Domingues da Costa, presidente da
federação, 15% do que é arrecadado vai para a Cobap, 15% para as
federações e 70% para as associações. "Não somos contra o desconto, mas não somos obrigados
a repassar um valor decidido por
meia dúzia de pessoas. O dinheiro
do aposentado tem de ir para as
associações de aposentados." Cada entidade, diz, deveria chamar
os associados para discutir o valor
do desconto. Na associação de
aposentados metalúrgicos e de
outras categorias da Baixada Santista, presidida por Costa, os aposentados pagam mensalidade de
R$ 16,30. Os sócios têm direito a
médicos, corte de cabelo, advogados, desconto em alguns remédios e lazer.
(CR e FF)
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