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Dornbusch vê agravamento da crise e golpe militar
DE BUENOS AIRES
O economista Rudiger Dornbusch, professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA), acha que a Argentina não terá ajuda do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
e que a crise vai se agravar mais
nos próximos meses, o que abriria espaço para um golpe militar.
A opinião do economista foi
apresentada em relatório confidencial produzido para a consultoria Transnational Research
Corporation e divulgado ontem
pelo jornal argentino "Página 12".
No relatório, Dornbusch, um
dos gurus dos sistema financeiro
internacional, afirma que "as instituições [argentinas" seguirão
caindo, sem que possa se falar em
uma ajuda externa, até o retorno
de algum ditador militar."
Segundo o relatório, o país não
tem condições de se recuperar sozinho da crise. "Os excluídos tem
se organizado em uma luta de
classes, e as instituições entraram
completamente em colapso."
Em 2001, Dornbusch já havia
proposto que a solução para a Argentina passava pela redução em
70% da renda da população e pela
reforma fiscal do Estado. Dessa
forma, "talvez o país possa em dez
anos começar a sonhar com uma
recuperação produtiva".
Há poucos meses, o economista
também defendeu que a Argentina deveria "importar a credibilidade perdida" entregando as decisões de política econômica para
especialistas estrangeiros. "A situação é demasiadamente grave"
e é "recomendável deixar a retórica e o orgulho de lado", afirmou.
No relatório, Dornbusch também traça um cenário difícil para
o Brasil. "Entre os mercados
emergentes, o Brasil se destaca
como o próximo candidato a sofrer a crise." Ele relacionou as dificuldades à eventual vitória do
candidato do PT, Luiz Inácio Lula
da Silva, nas eleições. Afirma que
Lula "não é tão mau quanto os
mercados pensam", mas seria
prejudicado por uma combinação de "mercado hiperpessimista" com "a incapacidade de Brasil,
EUA e organismos multilaterais
de coordenar uma defesa preventiva".
(JS)
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