São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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Dornbusch vê agravamento da crise e golpe militar

DE BUENOS AIRES

O economista Rudiger Dornbusch, professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA), acha que a Argentina não terá ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional) e que a crise vai se agravar mais nos próximos meses, o que abriria espaço para um golpe militar.
A opinião do economista foi apresentada em relatório confidencial produzido para a consultoria Transnational Research Corporation e divulgado ontem pelo jornal argentino "Página 12".
No relatório, Dornbusch, um dos gurus dos sistema financeiro internacional, afirma que "as instituições [argentinas" seguirão caindo, sem que possa se falar em uma ajuda externa, até o retorno de algum ditador militar."
Segundo o relatório, o país não tem condições de se recuperar sozinho da crise. "Os excluídos tem se organizado em uma luta de classes, e as instituições entraram completamente em colapso."
Em 2001, Dornbusch já havia proposto que a solução para a Argentina passava pela redução em 70% da renda da população e pela reforma fiscal do Estado. Dessa forma, "talvez o país possa em dez anos começar a sonhar com uma recuperação produtiva".
Há poucos meses, o economista também defendeu que a Argentina deveria "importar a credibilidade perdida" entregando as decisões de política econômica para especialistas estrangeiros. "A situação é demasiadamente grave" e é "recomendável deixar a retórica e o orgulho de lado", afirmou.
No relatório, Dornbusch também traça um cenário difícil para o Brasil. "Entre os mercados emergentes, o Brasil se destaca como o próximo candidato a sofrer a crise." Ele relacionou as dificuldades à eventual vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições. Afirma que Lula "não é tão mau quanto os mercados pensam", mas seria prejudicado por uma combinação de "mercado hiperpessimista" com "a incapacidade de Brasil, EUA e organismos multilaterais de coordenar uma defesa preventiva". (JS)


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