São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Inflação dos mais pobres sobe 5,97% no 1º semestre do ano, acima do índice geral

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Mais uma vez, os alimentos foram os vilões da inflação nas famílias de menor renda. O IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1) subiu 1,29% em junho -abaixo dos 1,38% de maio-, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). No ano, o índice subiu 5,97%, acima dos 3,84% do IPC-BR, que mede o custo de vida de todas as faixas de renda.
Em 12 meses, a inflação dos mais pobres foi de 9,11%, acima dos 5,96% do IPC-BR. Segundo a FGV, a tendência é de aceleração nos próximos meses, ainda embalada nos alimentos.
"O custo de vida para quem ganha de 1 a 2,5 salários mínimos vai subir ainda mais", diz André Braz, coordenador dos IPC's, da FGV.
A cada mês, saem alguns focos de pressão e entram outros. No saldo, os alimentos lideram com folga. Com alta de 18,88% em 12 meses, o grupo é 77% da variação do IPC-C1.
Em junho, os alimentos subiram 2,50%, abaixo da variação 2,85%, mas ainda num patamar elevado. Derivados de trigo e de soja pressionaram menos. Mas uma nova rodada de aumentos de arroz, feijão e carnes manteve o grupo pressionado.
Esses produtos impulsionaram com mais força o IPC-C1. O arroz aumentou 45,78% em 12 meses. O feijão carioca, 137,51%, e as carnes, 44,13%. A batata registrou alta de 19,39%.
O gás de botijão, um dos itens que mais pesam nas famílias de baixa renda, subiu 5,01% em 12 meses -mesmo com a estabilidade do preço da Petrobras.
Braz diz que o peso dos alimentos no consumo dos brasileiros mais pobres subiu com a alta dos preços desde o ano passado. Os motivos são o choque mundial das commodities e outras pressões, como o clima, que afetou hortaliças e legumes -alta de 21,79% em 12 meses.
Para ele, a tendência é que trigo e derivados se desacelerem nos próximos meses, o que não deve ocorrer com a soja, cujas cotações voltaram a subir. Pão e o macarrão -que subiram 29,98% e 21,17% em 12 meses- devem perder fôlego com a maior safra de trigo no Brasil e o arrefecimento dos preços no mercado externo.
Arroz, feijão carnes e leite devem ficar pressionados pela estiagem e a alta das rações com os reajustes de soja e milho.
Em julho, outro foco de alta virá da energia elétrica, cuja conta média foi reajustada em 8,12% na região metropolitana de São Paulo.


Texto Anterior: Mantega vê desaceleração, mas não "aborto" do crescimento
Próximo Texto: Mercado já prevê IPCA em 6,40%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.