São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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COLAPSO

A empresários, secretário do Tesouro dos EUA diz que dinheiro do FMI pode sair em setembro e que recomenda investir no país

O'Neill suaviza discurso para a Argentina

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, adotou um discurso mais amigável em relação ao governo argentino ontem. Prometeu apressar o fechamento do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e disse que recomendaria investimentos no país.
O'Neill também indicou, durante jantar com empresários argentinos anteontem, que a ajuda financeira do Fundo poderia ser aprovada antes de setembro, como reivindica o governo.
O país deve pagar US$ 2,8 bilhões aos organismos internacionais de crédito no próximo mês, e o governo não mostrou até agora vontade de utilizar as reservas internacionais para honrar esses compromissos.
Empresários perguntaram a O'Neill se os EUA deixaram o país dar um calote no FMI. Ele disse, segundo o jornal "Clarín", que os EUA estão "dispostos a gerar espaços de tranquilidade financeira" e que não há razão para "antecipar o calote do país".
Mas ele discordou do ministro Roberto Lavagna (Economia), com quem se reuniu pela manhã. Para Lavagna, a Argentina já estaria em condições iniciar as negociações finais do acordo.
Segundo O'Neill, ainda são necessários novos avanços para a elaboração de "um plano sustentável". Ele também descartou a antecipação da ajuda pelo Tesouro dos EUA, como no caso do Uruguai, que recebeu um empréstimo de US$ 1,5 bilhão.
"Confio que o governo reconhece a importância de encontrar uma solução para os problemas fiscais, contar com uma política monetária e sustentar uma plano financeiro sólido", disse.
O FMI tem sustentado nos últimos dias que o país precisa impedir a fuga de recursos do "corralito" por meio de processos judiciais para dar início a um plano que acabaria gradualmente com as restrições bancárias. Nesse sentido, o governo argentino tenta há semanas sem sucesso uma sentença favorável da Corte Suprema que impediria a liberação de recursos por meio de decisões de instâncias inferiores da Justiça.
Aos empresários, O'Neill explicou que o capital internacional é "covarde". "Quando a situação argentina se estabilizar, [os investidores] voltarão a investir recursos como sempre fizeram", disse o secretário
O subsecretário do Tesouro, John Taylor, também viajou à Argentina, onde se reuniu com o presidente do Banco Central, Aldo Pignanelli. Em nota, o BC informou que os Taylor defendeu a implementação do sistema de metas de inflação na Argentina a partir de 2003.



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