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COLAPSO
A empresários, secretário do Tesouro dos EUA diz que dinheiro do FMI pode sair em setembro e que recomenda investir no país
O'Neill suaviza discurso para a Argentina
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, adotou um discurso mais amigável em relação ao governo argentino
ontem. Prometeu apressar o fechamento do acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
e disse que recomendaria investimentos no país.
O'Neill também indicou, durante jantar com empresários argentinos anteontem, que a ajuda
financeira do Fundo poderia ser
aprovada antes de setembro, como reivindica o governo.
O país deve pagar US$ 2,8 bilhões aos organismos internacionais de crédito no próximo mês, e
o governo não mostrou até agora
vontade de utilizar as reservas internacionais para honrar esses
compromissos.
Empresários perguntaram a
O'Neill se os EUA deixaram o país
dar um calote no FMI. Ele disse,
segundo o jornal "Clarín", que os
EUA estão "dispostos a gerar espaços de tranquilidade financeira" e que não há razão para "antecipar o calote do país".
Mas ele discordou do ministro
Roberto Lavagna (Economia),
com quem se reuniu pela manhã.
Para Lavagna, a Argentina já estaria em condições iniciar as negociações finais do acordo.
Segundo O'Neill, ainda são necessários novos avanços para a
elaboração de "um plano sustentável". Ele também descartou a
antecipação da ajuda pelo Tesouro dos EUA, como no caso do
Uruguai, que recebeu um empréstimo de US$ 1,5 bilhão.
"Confio que o governo reconhece a importância de encontrar
uma solução para os problemas
fiscais, contar com uma política
monetária e sustentar uma plano
financeiro sólido", disse.
O FMI tem sustentado nos últimos dias que o país precisa impedir a fuga de recursos do "corralito" por meio de processos judiciais para dar início a um plano que acabaria gradualmente com as restrições bancárias. Nesse sentido, o governo argentino tenta há semanas sem sucesso uma sentença favorável da Corte Suprema que impediria a liberação de recursos por meio de decisões de
instâncias inferiores da Justiça.
Aos empresários, O'Neill explicou que o capital internacional é "covarde". "Quando a situação argentina se estabilizar, [os investidores] voltarão a investir recursos como sempre fizeram", disse o secretário
O subsecretário do Tesouro, John Taylor, também viajou à Argentina, onde se reuniu com o presidente do Banco Central, Aldo Pignanelli. Em nota, o BC informou que os Taylor defendeu a implementação do sistema de metas de inflação na Argentina a partir de 2003.
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