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São Paulo, sexta-feira, 08 de agosto de 2003

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TRABALHO

Funcionários fizeram protestos durante três dias contra transferência de 3.933 excedentes no ABC e em Taubaté

Volks chama sindicatos para negociar

Jorge Araújo/Folha Imagem
Metalúrgicos da DaimlerChrysler (Mercedes-Benz) aprovam 150 contratações e trabalho extra aos sábados para elevar a produção

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
ELIANE MENDONÇA
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Depois de três dias de protestos nas fábricas da Volkswagen em São Bernardo do Campo (no ABC paulista) e em Taubaté (SP), a montadora convocou ontem representantes dos sindicatos dos metalúrgicos das duas regiões para uma reunião hoje, às 10h, para discutir o projeto Autovisão.
"É um bom sinal. Mas precisamos ver qual é o conteúdo dessa conversa. Para haver negociação, é preciso que a empresa retire as cartas que enviou aos trabalhadores comunicando seu afastamento. Não adianta nos chamar para dizer que não abre mão da transferência", disse José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A Volkswagen confirma o encontro, mas não quis adiantar detalhes da negociação de hoje.
Os trabalhadores vinham fazendo paralisações parciais nas duas fábricas desde terça-feira para pressionar a Volks a cancelar 3.933 transferências programadas para as duas unidades. Também prometem protestos diários até 1º de setembro, data em que a Volks vai efetivar a transferência dos excedentes para o Instituto Gente.
Esse instituto funcionará como unidade de treinamento e está sendo criado no ABC e em Taubaté, segundo informa a Volks. O enxugamento de 1.923 funcionários do ABC e 2.010 de Taubaté faz parte de um plano de reestruturação da montadora no Brasil.
Segundo a empresa, o grupo vai investir R$ 300 milhões no projeto Autovisão -que inclui o instituto e a criação de uma nova empresa que vai incentivar os funcionários a montarem negócios.
Como os metalúrgicos têm acordos de garantia no emprego -até 2004 em Taubaté e até 2006 no ABC-, os sindicatos são contra a transferência e informam que a Volks, na prática, está rompendo o compromisso.
Em São Bernardo, 5.000 operários dos setores de manutenção, mecânica, ferramentaria e logística paralisaram as atividades das 8h às 11h de ontem. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que esses setores são considerados estratégicos e afetaram 80% da produção da fábrica. A Volks não confirma.
Na unidade de Taubaté, houve atraso de uma hora na entrada de dois turnos -o mesmo ocorreria à noite. O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté estima que a Volkswagen produza 45 veículos por hora, número não comentado pela montadora.
Segundo o presidente do sindicato, Antonio Eduardo de Oliveira, os protestos serão mantidos, inclusive dentro da empresa. ""Vamos entrar, mas cruzar os braços. A idéia é bagunçar a produção."
A montadora informa que não há possibilidade de cancelar os comunicados já enviados e que o processo de redimensionamento da empresa vai continuar.

Na contramão
Enquanto a Volks discute a redução de mão-de-obra, os metalúrgicos da DaimlerChrysler (Mercedes-Benz) aprovaram trabalhar a mais -durante cinco sábados- para aumentar a produção em troca de 150 novas vagas.
A montadora emprega 9.300 funcionários e vai fazer as contratações por prazo determinado para atender pedidos de exportação para Nigéria e Cuba. Neste ano, por conta de contratos de exportação de motores e caminhões para os EUA e para a Alemanha, a DaimlerChrysler já contratou 309 metalúrgicos.

São José dos Campos
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos realiza amanhã, a partir das 8h, uma assembléia que vai abrir a campanha salarial 2003, que, neste ano, será unificada entre todos os sindicatos da CUT.
Trabalhadores de todas as fábricas estão sendo convocados pelo sindicato. A reunião vai definir a pauta de reivindicações da categoria, que será levada aos grupos patronais. No dia 15, será realizado um ato dos sindicatos da CUT em frente à sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na capital paulista.


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