São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Depois de tombo, emprego industrial ensaia recuperação

Indústria terminou o primeiro semestre com diminuição de 5,1% no número de vagas, a maior baixa desde 2002

Recuo de 0,1% entre os meses de maio e junho na série calculada pelo IBGE foi o menor em oito meses e aponta para retomada


DA SUCURSAL DO RIO

O emprego industrial fechou o primeiro semestre de 2009 com queda de 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado -a maior da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 2002. O recuo de 0,1% entre maio e junho, porém, foi o menor em oito meses. Para analistas ouvidos pela Folha, pode ser um sinal de que as demissões no setor estejam chegando ao fim.
A economista Denise Cordovil, da coordenação de indústria do IBGE, afirma que o resultado de junho reflete a recuperação da atividade industrial, que há seis meses apresenta crescimento sob impacto da desoneração tributária, do consumo doméstico aquecido e de uma pequena melhora nas exportações. Em junho, segundo informações divulgadas pelo IBGE na segunda-feira, a alta na produção foi de 0,2%.
Cordovil destaca ainda que o número de horas pagas pelo setor também cresceu no período, o que é outro fator positivo revelado pela pesquisa apresentada ontem.
"Quando o ambiente está mais favorável, os empresários primeiro começam a pagar horas extras para depois efetuarem contratações", diz ela.
O crescimento das horas pagas, de 0,5% em junho, interrompeu uma trajetória de oito meses de queda.
Na avaliação do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o resultado abre a perspectiva de aumento do emprego industrial no segundo semestre.
"Isso não significa dizer que veremos, ainda neste ano, um forte crescimento do emprego na indústria capaz de reverter os impactos negativos da crise internacional", afirma o instituto em relatório.
Na comparação com junho do ano passado, quando a indústria ainda vivia um período de expansão, tiveram redução tanto o nível de emprego (6,6%) como o número de horas pagas (6,9) e a folha de pagamento real (2%).
No caso do pessoal ocupado, as maiores quedas ocorreram na indústria de meios de transporte (-11,6%), máquinas e equipamentos (-10,6%), produtos de metal (-11,2%) e calçados e artigos de couro (-11,7%).
São Paulo (-4,6%) e Minas Gerais (-11%), que juntos respondem por 47% da ocupação na indústria, foram os Estados mais afetados.
Para a analista Ariadne Vitoriano, da Tendências Consultoria, o processo de recuperação da atividade econômica deve ter continuidade. "Há indícios de que o ajuste de estoques já se esgotou", diz. Ela destaca, porém, que a recuperação da folha de pagamento deve ser mais lenta. "A renda sempre responde com defasagem maior ao cenário da atividade. A reversão, nesse caso, deve acontecer mais para o final do ano."


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