|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Depois de tombo, emprego industrial ensaia recuperação
Indústria terminou o primeiro semestre com diminuição de 5,1% no número de vagas, a maior baixa desde 2002
Recuo de 0,1% entre os meses de maio e junho na série calculada pelo IBGE foi o menor em oito meses e aponta para retomada
DA SUCURSAL DO RIO
O emprego industrial fechou
o primeiro semestre de 2009
com queda de 5,1% em relação
ao mesmo período do ano passado -a maior da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
iniciada em 2002. O recuo de
0,1% entre maio e junho, porém, foi o menor em oito meses. Para analistas ouvidos pela
Folha, pode ser um sinal de que
as demissões no setor estejam
chegando ao fim.
A economista Denise Cordovil, da coordenação de indústria do IBGE, afirma que o resultado de junho reflete a recuperação da atividade industrial,
que há seis meses apresenta
crescimento sob impacto da
desoneração tributária, do consumo doméstico aquecido e de
uma pequena melhora nas exportações. Em junho, segundo
informações divulgadas pelo
IBGE na segunda-feira, a alta
na produção foi de 0,2%.
Cordovil destaca ainda que o
número de horas pagas pelo setor também cresceu no período, o que é outro fator positivo
revelado pela pesquisa apresentada ontem.
"Quando o ambiente está
mais favorável, os empresários
primeiro começam a pagar horas extras para depois efetuarem contratações", diz ela.
O crescimento das horas pagas, de 0,5% em junho, interrompeu uma trajetória de oito
meses de queda.
Na avaliação do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o resultado abre a perspectiva de aumento do emprego industrial
no segundo semestre.
"Isso não significa dizer que
veremos, ainda neste ano, um
forte crescimento do emprego
na indústria capaz de reverter
os impactos negativos da crise
internacional", afirma o instituto em relatório.
Na comparação com junho
do ano passado, quando a indústria ainda vivia um período
de expansão, tiveram redução
tanto o nível de emprego
(6,6%) como o número de horas pagas (6,9) e a folha de pagamento real (2%).
No caso do pessoal ocupado,
as maiores quedas ocorreram
na indústria de meios de transporte (-11,6%), máquinas e
equipamentos (-10,6%), produtos de metal (-11,2%) e calçados
e artigos de couro (-11,7%).
São Paulo (-4,6%) e Minas
Gerais (-11%), que juntos respondem por 47% da ocupação
na indústria, foram os Estados
mais afetados.
Para a analista Ariadne Vitoriano, da Tendências Consultoria, o processo de recuperação
da atividade econômica deve
ter continuidade. "Há indícios
de que o ajuste de estoques já se
esgotou", diz. Ela destaca, porém, que a recuperação da folha
de pagamento deve ser mais
lenta. "A renda sempre responde com defasagem maior ao cenário da atividade. A reversão,
nesse caso, deve acontecer
mais para o final do ano."
Texto Anterior: Varejo amplia investimento com melhora do cenário no 2º semestre Próximo Texto: Siderurgia: CSN espera operar perto da capacidade total no 2º semestre Índice
|