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Inflação recua e fica no centro da meta do governo
Taxa do IPCA em 12 meses cai para 4,5%; alimentos puxam índice para baixo
Regime de metas de inflação serve como diretriz para as decisões da política monetária, em especial
para a taxa básica de juros
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A inflação medida pelo IPCA
(Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo) recuou de
0,36% em junho para 0,24% em
julho, afirmou ontem o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa acumulada em 12 meses ficou exatamente no centro da meta estipulada para este ano, de 4,5%.
Instituído há dez anos, o regime de metas de inflação serve
como diretriz para as decisões
da política monetária do governo, como a taxa básica de juros.
Desde janeiro de 2008 o IPCA
acumulado em 12 meses estava
acima de 4,5%, que é a meta
anual desde 2006. A tolerância
é de dois pontos percentuais
para cima ou para baixo.
O IBGE explica a desaceleração de junho a julho principalmente pelo comportamento
dos preços dos alimentos, que
tiveram deflação de 0,06%. A
coordenadora de índices de
preços do IBGE, Eulina dos
Santos, diz que houve queda na
maioria das cidades pesquisadas e atingiu vários produtos,
como o açúcar cristal (de 3,43%
para -0,24%) e o pão francês
(de 0,28% para -0,44%).
Outros itens, como leite pasteurizado, em pó e queijo, também diminuíram a pressão sobre o índice, já que apresentaram taxas de aumento menores
do que as de junho. No primeiro caso, houve recuo de 12,10%
para 4,02%; no segundo, de
1,72% para 0,86%; e, no terceiro, de 1,48% para 0,33%.
Saturação láctea
O analista Francis Kinder, da
Rosenberg Consultores, ressalta que a deflação dos alimentos
foi a primeira desde setembro
de 2008, quando o agravamento da crise derrubou os preços
das commodities no mercado
internacional. Ele destaca, porém, que desta vez houve interferência de fatores internos, como o clima favorável para os
produtos "in natura" e a saturação do processo de aumento do
preço do leite, que acumula alta
de 34,07% no ano.
O presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio, José
de Souza e Silva, cita ainda a
menor disposição para os gastos como um dos motivos por
trás do comportamento dos
preços dos alimentos no ano.
"O consumidor vem gastando
só aquilo que tem no bolso, ele
não faz mais estoques", diz.
Também apresentaram desaceleração em julho os artigos
de vestuário, beneficiados pelas liquidações de inverno, e os
artigos de residência, como
móveis e eletrodomésticos.
Na contramão, os gastos com
habitação subiram para 1,11%,
impactados principalmente
pelo aumento de 12,90% na tarifa de energia da região metropolitana de São Paulo. A cidade
foi a única a apresentar aceleração do IPCA em julho -alta de
0,57%, ante 0,36% em junho.
Segundo Eulina dos Santos,
em agosto o IPCA deverá ser
pressionado pelo aumento das
tarifas de táxi em Belém, Fortaleza e Salvador. Como em agosto e setembro do ano passado a
inflação veio baixa, já afetada
pela crise, o economista Kinder
espera que o acumulado em 12
meses volte a ficar acima da
meta nesses meses. "Em outubro, novembro e dezembro, porém, ela deve convergir para o
centro da meta", diz.
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