São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Inflação recua e fica no centro da meta do governo

Taxa do IPCA em 12 meses cai para 4,5%; alimentos puxam índice para baixo

Regime de metas de inflação serve como diretriz para as decisões da política monetária, em especial para a taxa básica de juros


DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) recuou de 0,36% em junho para 0,24% em julho, afirmou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa acumulada em 12 meses ficou exatamente no centro da meta estipulada para este ano, de 4,5%.
Instituído há dez anos, o regime de metas de inflação serve como diretriz para as decisões da política monetária do governo, como a taxa básica de juros. Desde janeiro de 2008 o IPCA acumulado em 12 meses estava acima de 4,5%, que é a meta anual desde 2006. A tolerância é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
O IBGE explica a desaceleração de junho a julho principalmente pelo comportamento dos preços dos alimentos, que tiveram deflação de 0,06%. A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina dos Santos, diz que houve queda na maioria das cidades pesquisadas e atingiu vários produtos, como o açúcar cristal (de 3,43% para -0,24%) e o pão francês (de 0,28% para -0,44%).
Outros itens, como leite pasteurizado, em pó e queijo, também diminuíram a pressão sobre o índice, já que apresentaram taxas de aumento menores do que as de junho. No primeiro caso, houve recuo de 12,10% para 4,02%; no segundo, de 1,72% para 0,86%; e, no terceiro, de 1,48% para 0,33%.

Saturação láctea
O analista Francis Kinder, da Rosenberg Consultores, ressalta que a deflação dos alimentos foi a primeira desde setembro de 2008, quando o agravamento da crise derrubou os preços das commodities no mercado internacional. Ele destaca, porém, que desta vez houve interferência de fatores internos, como o clima favorável para os produtos "in natura" e a saturação do processo de aumento do preço do leite, que acumula alta de 34,07% no ano.
O presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio, José de Souza e Silva, cita ainda a menor disposição para os gastos como um dos motivos por trás do comportamento dos preços dos alimentos no ano. "O consumidor vem gastando só aquilo que tem no bolso, ele não faz mais estoques", diz.
Também apresentaram desaceleração em julho os artigos de vestuário, beneficiados pelas liquidações de inverno, e os artigos de residência, como móveis e eletrodomésticos.
Na contramão, os gastos com habitação subiram para 1,11%, impactados principalmente pelo aumento de 12,90% na tarifa de energia da região metropolitana de São Paulo. A cidade foi a única a apresentar aceleração do IPCA em julho -alta de 0,57%, ante 0,36% em junho.
Segundo Eulina dos Santos, em agosto o IPCA deverá ser pressionado pelo aumento das tarifas de táxi em Belém, Fortaleza e Salvador. Como em agosto e setembro do ano passado a inflação veio baixa, já afetada pela crise, o economista Kinder espera que o acumulado em 12 meses volte a ficar acima da meta nesses meses. "Em outubro, novembro e dezembro, porém, ela deve convergir para o centro da meta", diz.


Texto Anterior: Aviação: Gol tem maior ocupação desde compra da Varig
Próximo Texto: Preço mundial de alimentos fica estável, diz ONU
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.