|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pecuaristas rejeitam proposta do Independência para quitar dívida
Em recuperação judicial, frigorífico poderá enfrentar suspensão no fornecimento de gado
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Representantes de 1.524 pecuaristas que têm dívidas a receber do Frigorífico Independência rejeitaram em bloco anteontem a proposta de pagamento prevista no plano de recuperação judicial da empresa.
Distribuídos por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas e Goiás, os credores
decidiram que só voltarão a fornecer gado ao abate após o pagamento integral da dívida, estimada em R$ 194 milhões.
Em sua proposta, o Independência ofereceu pagamento
imediato aos pecuaristas até o
limite de R$ 80 mil e o saldo devedor em 36 vezes iguais.
Ainda assim, os valores só seriam liberados 30 dias após a liberação de um financiamento
de R$ 330 milhões.
"Queremos garantia no recebimento de nossa dívida. Não
vamos fornecer boi para o abate enquanto não pagarem o que
devem", disse o presidente da
comissão de 494 credores de
Mato Grosso, Marcos da Rosa.
"Sem a matéria-prima, eles não
voltam a funcionar."
Segundo os pecuaristas, a dívida total com o setor representante menos de 6% dos débitos
totais do frigorífico -estimados em R$ 3,5 bilhões.
Para Luciano Vacari, diretor
da Acrimat (Associação dos
Criadores de Mato Grosso), a
empresa não demonstrou, em
seu plano, que terá capacidade
financeira para retomar o trabalho e se manter em dia com
os fornecedores.
"Vamos alertar o pecuarista
sobre ele não ter nenhuma garantia de que não será vítima de
novos calotes", disse.
O plano de reestruturação
prevê a possível criação de uma
nova companhia -a Nova Independência S.A.-, para a qual
seriam transferidos os ativos e
cerca de 30% da dívida total.
Os sócios da nova empresa
seriam o próprio Independência (66%), os sócios controladores e a BNDESPar (empresa de
participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"O plano confere a cada um
dos credores um fluxo de pagamento ordenado que lhes assegure um retorno melhor do que
aquele que seria eventualmente obtido em caso de falência ou
liquidação das sociedades",
afirmou a empresa na ocasião,
por meio de nota.
Afetado pela crise internacional, o Independência acusou
em fevereiro "falta de fluxo de
caixa" e suspendeu os abates
em suas dez unidades no país.
Em março, entrou com pedido
de recuperação judicial. Desde
janeiro, foram demitidos 7.700
trabalhadores.
Em nota, o executivo do Independência Tobias Bremer
disse acreditar que a proposta
rejeitada era "justa" e "excelente" quando comparada a outras
reestruturações, "em que há
descontos ou períodos de carência de um a dois anos antes
do primeiro pagamento".
Texto Anterior: Fiscais resgatam trabalhadores em área ligada ao Bertin Próximo Texto: IR: Receita libera consulta a 3º lote de restituição Índice
|