São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Pecuaristas rejeitam proposta do Independência para quitar dívida

Em recuperação judicial, frigorífico poderá enfrentar suspensão no fornecimento de gado

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

Representantes de 1.524 pecuaristas que têm dívidas a receber do Frigorífico Independência rejeitaram em bloco anteontem a proposta de pagamento prevista no plano de recuperação judicial da empresa.
Distribuídos por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas e Goiás, os credores decidiram que só voltarão a fornecer gado ao abate após o pagamento integral da dívida, estimada em R$ 194 milhões.
Em sua proposta, o Independência ofereceu pagamento imediato aos pecuaristas até o limite de R$ 80 mil e o saldo devedor em 36 vezes iguais.
Ainda assim, os valores só seriam liberados 30 dias após a liberação de um financiamento de R$ 330 milhões.
"Queremos garantia no recebimento de nossa dívida. Não vamos fornecer boi para o abate enquanto não pagarem o que devem", disse o presidente da comissão de 494 credores de Mato Grosso, Marcos da Rosa. "Sem a matéria-prima, eles não voltam a funcionar."
Segundo os pecuaristas, a dívida total com o setor representante menos de 6% dos débitos totais do frigorífico -estimados em R$ 3,5 bilhões.
Para Luciano Vacari, diretor da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), a empresa não demonstrou, em seu plano, que terá capacidade financeira para retomar o trabalho e se manter em dia com os fornecedores.
"Vamos alertar o pecuarista sobre ele não ter nenhuma garantia de que não será vítima de novos calotes", disse.
O plano de reestruturação prevê a possível criação de uma nova companhia -a Nova Independência S.A.-, para a qual seriam transferidos os ativos e cerca de 30% da dívida total.
Os sócios da nova empresa seriam o próprio Independência (66%), os sócios controladores e a BNDESPar (empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"O plano confere a cada um dos credores um fluxo de pagamento ordenado que lhes assegure um retorno melhor do que aquele que seria eventualmente obtido em caso de falência ou liquidação das sociedades", afirmou a empresa na ocasião, por meio de nota.
Afetado pela crise internacional, o Independência acusou em fevereiro "falta de fluxo de caixa" e suspendeu os abates em suas dez unidades no país. Em março, entrou com pedido de recuperação judicial. Desde janeiro, foram demitidos 7.700 trabalhadores.
Em nota, o executivo do Independência Tobias Bremer disse acreditar que a proposta rejeitada era "justa" e "excelente" quando comparada a outras reestruturações, "em que há descontos ou períodos de carência de um a dois anos antes do primeiro pagamento".


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