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Eleição adia medidas mais polêmicas
SHIRLEY EMERICK
da Sucursal de Brasília
O período eleitoral fez o governo
ser mais cauteloso ao adotar medidas de combate ao aumento do
desemprego.
Por causa das urnas, o presidente Fernando Henrique Cardoso
decidiu adiar as mudanças mais
profundas -e polêmicas- na legislação trabalhista. As propostas
elaboradas pela área técnica, por
exemplo, implicavam a autorização imediata da suspensão temporária do contrato de trabalho -a
chamada demissão temporária.
Essa medida foi anunciada como
uma proposta para discussão. A
intenção, no entanto, era editar
uma MP (medida provisória) para
que as regras já entrassem em prática neste semestre.
Como houve uma repercussão
negativa entre alguns representantes sindicais, o governo recuou. A intenção foi afastar as
acusações de que o FHC estaria estimulando a redução dos direitos
trabalhistas.
Pelo mesmo motivo, a medida
que estabelece a redução da alíquota do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de 8%
para 2% ficou para ser debatida
com trabalhadores e patrões.
Na prática, as medidas que entram imediatamente em vigor terão pouca influência sobre a taxa
de desemprego.
O que vai ajudar o governo no
segundo semestre é a própria sazonalidade do mercado de trabalho. Como as indústrias já começam a se preparar para a produção
de final de ano, a tendência é que
as contratações sejam retomadas a
partir deste mês.
No caso do aumento do prazo
para compensação do banco de
horas, não haverá repercussão no
aumento de vagas no mercado de
trabalho. O período de 12 meses já
está sendo usado em algumas empresas, principalmente no setor
automobilístico.
Justiça
Na próxima segunda-feira, o ministro Edward Amadeo (Trabalho) vai debater a reformulação da
legislação trabalhista com representantes dos trabalhadores e dos
empresários e com especialistas da
área, no Rio de Janeiro. A intenção
é chegar a uma proposta para acabar com a unicidade e o imposto
sindical e com o poder normativo
da Justiça do Trabalho.
O governo quer dar liberdade
para a criação de mais de um sindicato para a mesma categoria em
cada município. Dessa forma, as
entidades terão de ser mais atuantes para conseguir associados.
No caso da Justiça do Trabalho,
a intenção é limitar os poderes dos
juízes para resolver os conflitos
entre patrões e empregados.
Atualmente, eles podem fixar
qualquer regra ou punição em um
processo trabalhista e isso enfraquece a negociação direta entre as
partes.
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