MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

Algumas das mudanças na legislação trabalhista brasileira propostas pelo governo nesta semana podem ser encontradas no mais recente livro do economista José Pastore, conhecido especialista no tema.
Pastore há anos vem defendendo a flexibilização da legislação trabalhista, acusando-a de principal responsável pelo alto grau de informalidade no mercado de trabalho brasileiro.
Temas como o fim do poder normativo da Justiça do Trabalho, redução dos encargos sociais e fim da unicidade sindical, por exemplo, são defendidos pelo autor já há algum tempo, seja em livros, seminários ou artigos.
Nesta nova obra, cujo título é "O desemprego tem cura?", Pastore expõe exaustivamente sua argumentação a favor de uma maior liberdade para a negociação entre empresários e trabalhadores.
O livro chega a ser até cansativo, pois muitos dados e análises podem ser encontrados em diversos capítulos, repetidamente.
É o caso do famoso e polêmico cálculo sobre os encargos sociais na indústria, que representariam 102% dos salários.
O leitor não deve esperar encontrar nesta obra opiniões divergentes sobre o problema do desemprego.
Pastore usa extensa bibliografia para defender seus pontos de vista e não aceita alguns pensamentos divergentes.
O cálculo do Dieese a respeito do peso dos encargos sociais sobre os salários, bem menor dos 102% defendidos por ele, foi classificado de "erro conceitual".
Há fundamentação na sua argumentação, sem dúvida, mas o leitor deve ficar consciente de que não é a única.