São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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Trabalhador deficiente também é discriminado

DA REPORTAGEM LOCAL

A discriminação por deficiência física é outro tipo de denúncia frequente do trabalhador. Maria (nome fictício), 46, que tem a perna e o braço esquerdos parcialmente paralisados, sentiu o peso da discriminação há dois anos numa agência dos Correios.
Num concurso, do qual participaram cerca de 3.000 pessoas, Maria ficou em segundo lugar. Por ter desempenho tão bom, teve a chance de escolher a agência para trabalhar como atendente -optou pela mais próxima a sua casa. Só que Maria permaneceu três meses na função, pois ouviu da chefia que a agência era pequena e que por isso precisava de uma pessoa mais ágil. "Disseram também que o meu rendimento era menor, só que eles me colocaram num caixa diferenciado (para atender idosos e deficientes)."
Maria diz que a chefia chegou a dizer que ela era inteligente e que iria tentar achar outra função para ela. "Foi quando percebi que estava mesmo na corda bamba." Maria está movendo uma ação contra os Correios por sugestão do núcleo de combate à discriminação do Ministério do Trabalho em São Paulo. Procurado pela Folha, a empresa não se pronunciou porque não conseguiu localizar o processo da ex-funcionária, informa sua assessoria de imprensa.
O problema da aparência também "pesa" na hora de entrar em uma companhia ou de se manter nela. O ex-comissário Mauro Lopes Bernardes, 44, trabalhou durante seis anos em uma empresa aérea, mas depois que engordou começou a se sentir "boicotado".
"A discriminação é sutil. Você deixa de ser escalado para os vôos, mudam suas folgas, te encaixam em plantões repentinos. Cheguei a 115 quilos e foi o suficiente para sair dos padrões estabelecidos pela companhia", diz Bernardes.
Uma pesquisa feita pela empresa Catho com 3.600 executivos mostrou que profissionais "acima do peso" ganhavam R$ 24,15 a menos por mês que os mais magros. Para a comissão antidiscriminação da OAB-SP, essa conduta caracteriza discriminação, já que a capacidade intelectual de um profissional não depende de aparência. (FF e CR)


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