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AMEAÇA
Estudo prevê saldo negativo de US$ 2,3 trilhões em dez anos e crescimento de 4,5% do PIB neste ano e de 4,1% em 2005
Congresso dos EUA vê déficit fiscal recorde
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O déficit fiscal dos EUA deve
atingir um valor acumulado de
US$ 2,29 trilhões nos próximos
dez anos. A estimativa, do Comitê
de Orçamento do Congresso, elevou em US$ 300 bilhões a projeção anterior para o período, compreendido entre 2005 e 2014.
As novas projeções entraram
para o centro da campanha eleitoral americana ontem e não levam
em conta a possibilidade de novos
cortes de impostos que o presidente George W. Bush promete
adotar caso ganhe em novembro.
O déficit ocorrerá mesmo que
haja um crescimento econômico
maior do que o esperado no período, fato que ajudaria a aumentar a arrecadação de impostos.
Segundo o comitê, "pressões
significativas de longo prazo sobre o Orçamento devem se intensificar nos próximos dez anos",
quando parte da geração do período do "baby boom" começar a
se aposentar. Até 2020, praticamente toda a geração do "baby
boom" -nascida logo após a Segunda Guerra, quando a taxa de
natalidade deu um salto significativo- chegará aos 70 anos.
O Congresso também confirmou a expectativa de déficit fiscal
recorde para 2004, de US$ 422 bilhões. O valor foi revisado para
baixo em US$ 56 bilhões em relação a projeção feita em março.
Quando assumiu o governo, em
2001, Bush herdou de Bill Clinton
(1993-2001) um superávit fiscal
acumulado projetado em US$ 5,6
trilhões em dez anos.
O superávit, porém, foi rapidamente transformado em déficit
pela política atual de corte de impostos, usada como estímulo para
a recuperação, e pelo desaquecimento econômico nos dois primeiros anos do governo Bush.
O comitê do Congresso, que é
independente, também fez uma
previsão de crescimento de 4,5%
para a economia dos EUA neste
ano e de 4,1% em 2005.
"O comitê espera que a economia cresça em um ritmo forte o
suficiente para que o excesso de
capacidade de produção nos EUA
seja eliminado até o final de
2005", diz a análise.
O comitê também afirmou que
a atual fase da recuperação está
sendo "liderada" por novos investimentos, o que revelaria uma
consolidação da tendência de melhores resultados.
Do lado da campanha do republicano Bush, assessores econômicos comemoraram essa segunda parte do relatório, que mostrou a tendência de crescimento
econômico e dos empregos.
Entre os democratas, o próprio
candidato John Kerry -que pela
primeira vez começa a aparecer
em desvantagem substancial em
relação a Bush nas pesquisas eleitorais- tratou de criticar as previsões pessimistas para o déficit.
"Eleito, não demorarei um segundo para fechar esse ralo aberto por Bush que cortou impostos
só para os mais ricos", disse
Kerry. "Os números mostram
que Bush entrou em uma guerra
[no Iraque] errada e deixou a conta de US$ 200 bilhões para o povo
pagar", acrescentou.
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