São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

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PRESSÃO

Na primeira parcial deste mês, alta é de 0,05%, a menor desde agosto/03

Preços declinam também no IGP-M

DA SUCURSAL DO RIO

A primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) deste mês, divulgada ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), apontou forte desaceleração da inflação.
O índice foi de 0,05%, a menor taxa desde agosto de 2003. Na primeira parcial de setembro, a alta havia sido de 0,35%. A principal razão para o recuo da inflação é a retração dos preços agrícolas no atacado, que também levou à queda dos alimentos no varejo.
A desaceleração do IGP-M confirma a tendência já detectada pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) e pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal), ambos da FGV, e pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe, divulgados nesta semana.
Todos os índices vieram abaixo da estimativa do mercado. A expectativa de inflação futura divulgada pelas instituições financeiras é um dos componentes que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central leva em conta para definir a taxa de juros.
Na última reunião, no mês passado, o Copom elevou os juros de 16% para 16,25%, justamente por estar preocupado com as expectativas futuras de inflação.

Agrícolas
Sob impacto especialmente da redução dos preços internacionais das commodities, os produtos agrícolas registraram deflação de 0,78% na primeira prévia deste mês no mercado atacadista. Caíram os preços de itens como legumes e frutas, cereais e grãos e raízes e tubérculos.
Com isso, o IPA (Índice de Preços por Atacado) caiu de 0,37% na primeira prévia de setembro para 0,04% em igual período deste mês.
Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) registrou deflação de 0,06%, ante alta de 0,14% na parcial de setembro. Puxaram o índice para baixo as quedas dos grupos alimentação (-0,78%) e transportes (-0,40%) -este último devido ao recuo do preço do álcool combustível.
Para o economista Alexandre S'Antanna, da ARX Capital, o resultado do IGP-M surpreendeu positivamente, mas não é muito revelador por abranger apenas dez dias de apuração (os últimos do mês passado).
Ainda assim, ele espera taxa de 0,60% para o IGP-M deste mês. Anteontem, o IGP-DI já havia apresentado recuo -a taxa passou de 1,31% em agosto para 0,48% em setembro.
"O resultado confirmou a tendência de desaceleração da inflação, apontada pelo IGP-DI", disse Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV. Ele estima que o índice deste mês vá ser menor que o de setembro, quando a taxa ficou em 0,69%.
Segundo o economista, a queda no preço dos alimentos compensará a pressão de mais um reajuste do aço, já anunciado no mês passado pelas siderúrgicas.
"O IGP-M ficou bastante comportado. Mostrou que há uma queda e uma acomodação generalizada dos preços, concentrada especialmente no varejo."
Até mesmo itens que vinham pressionando a inflação, como os bens duráveis e os serviços pessoais, já estão desacelerando, de acordo com S'Antanna.
Com essa perspectiva, S'Antanna prevê que o IPCA, que será divulgado hoje pelo IBGE, recue para 0,38%, "com um viés de baixa" -ou seja, pode ser menor ainda.


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