|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Dias após Merck "aposentar" Vioxx, artigo questiona antiinflamatório Celebra e prejudica ainda mais imagem e finanças do setor
Suspeitas derrubam ações de farmacêuticas
DA REDAÇÃO
As ações de algumas das principais farmacêuticas do mundo caíram ontem nas Bolsas americanas
devido a um editorial em uma
prestigiosa publicação médica do
país que questionou a segurança
de remédios contra artrite.
Um texto do "New England
Journal of Medicine" mencionou
estudos para relacionar o uso prolongado de antiinflamatórios como o Vioxx e o Celebra a um aumento do risco de complicações
cardiovasculares (entre eles ataques cardíacos e derrames).
Na quinta passada, a farmacêutica Merck, que fabrica o Vioxx,
havia anunciado a retirada do remédio citando justamente um estudo interno que mostrava efeitos
cardiovasculares colaterais.
As ações da Merck caíram 2,2%
na Bolsa de Nova York ontem.
Mas o maior atingido foi a Pfizer,
que produz o Celebra. Seus papéis
chegaram a cair 8% e depois fecharam com queda de 3,8%.
A reação do mercado foi sintomática em relação à crescente dependência do setor de um número sempre menor de remédios de
marca, acompanhados por uma
agressiva competição no mercado
de genéricos.
O Vioxx, por exemplo, respondia por cerca de 10% das vendas
mundiais da Merck, o que correspondeu, em 2003, a US$ 2,5 bilhões. A dependência das farmacêuticas dos remédios-estrela acaba fragilizando as empresas.
Na quarta-feira, o grupo anglo-sueco AstraZeneca alertou para
uma "clássica compressão de
margens [de lucro]". Os comentários surgiram no momento em
que ele revelava um novo revés
em seu programa de criação de
medicamentos e admitia pouca
chance de lançar no curto prazo
um novo remédio nos EUA.
A retirada voluntária do Vioxx
pela Merck foi um desastre de relações públicas para um setor que
luta para melhorar sua imagem.
Particularmente no mercado
americano, as empresas são vistas
como interessadas exclusivamente no lucro e em empurrar remédios, às vezes oferecendo benefícios e segurança questionáveis, a
um público confuso.
Em um país no qual a maior
parte dos serviços de saúde são
fornecidos pelo setor privado, a
fiscalização das autoridades sobre
o preço das drogas vem crescendo. As práticas de marketing do
setor atraíram críticas do governo
e dos consumidores, com controvertidas campanhas publicitárias
que têm sido vistas como prejudiciais aos métodos mais prudentes
de receitar remédios.
Com o "Financial Times"
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Polêmica: Requião segue contra transgênico Índice
|