São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

Dias após Merck "aposentar" Vioxx, artigo questiona antiinflamatório Celebra e prejudica ainda mais imagem e finanças do setor

Suspeitas derrubam ações de farmacêuticas

DA REDAÇÃO

As ações de algumas das principais farmacêuticas do mundo caíram ontem nas Bolsas americanas devido a um editorial em uma prestigiosa publicação médica do país que questionou a segurança de remédios contra artrite.
Um texto do "New England Journal of Medicine" mencionou estudos para relacionar o uso prolongado de antiinflamatórios como o Vioxx e o Celebra a um aumento do risco de complicações cardiovasculares (entre eles ataques cardíacos e derrames).
Na quinta passada, a farmacêutica Merck, que fabrica o Vioxx, havia anunciado a retirada do remédio citando justamente um estudo interno que mostrava efeitos cardiovasculares colaterais.
As ações da Merck caíram 2,2% na Bolsa de Nova York ontem. Mas o maior atingido foi a Pfizer, que produz o Celebra. Seus papéis chegaram a cair 8% e depois fecharam com queda de 3,8%.
A reação do mercado foi sintomática em relação à crescente dependência do setor de um número sempre menor de remédios de marca, acompanhados por uma agressiva competição no mercado de genéricos.
O Vioxx, por exemplo, respondia por cerca de 10% das vendas mundiais da Merck, o que correspondeu, em 2003, a US$ 2,5 bilhões. A dependência das farmacêuticas dos remédios-estrela acaba fragilizando as empresas.
Na quarta-feira, o grupo anglo-sueco AstraZeneca alertou para uma "clássica compressão de margens [de lucro]". Os comentários surgiram no momento em que ele revelava um novo revés em seu programa de criação de medicamentos e admitia pouca chance de lançar no curto prazo um novo remédio nos EUA.
A retirada voluntária do Vioxx pela Merck foi um desastre de relações públicas para um setor que luta para melhorar sua imagem. Particularmente no mercado americano, as empresas são vistas como interessadas exclusivamente no lucro e em empurrar remédios, às vezes oferecendo benefícios e segurança questionáveis, a um público confuso.
Em um país no qual a maior parte dos serviços de saúde são fornecidos pelo setor privado, a fiscalização das autoridades sobre o preço das drogas vem crescendo. As práticas de marketing do setor atraíram críticas do governo e dos consumidores, com controvertidas campanhas publicitárias que têm sido vistas como prejudiciais aos métodos mais prudentes de receitar remédios.


Com o "Financial Times"

Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Polêmica: Requião segue contra transgênico
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.