São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONJUNTURA
Índice acumulado no ano caiu de 6,9% para 6,5% em setembro, diz IBGE
Produção industrial perde ritmo

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

A produção industrial perdeu ritmo em setembro. Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostra que o índice acumulado no ano passou de 6,9%, em agosto, para 6,5%, em setembro.
"Essa é uma desaceleração suave, não tem nada de catastrófico", diz o economista Eustáquio Reis, diretor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Para ele, a indústria fechará o ano com um crescimento em torno de 6%.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) também não se surpreendeu. "Já era esperada uma desaceleração no último trimestre do ano por conta do fim do efeito estatístico", disse Simone Saisse, coordenadora-adjunta da Unidade de Política Econômica, reafirmando que a projeção para o ano é de um crescimento de 5,5% a 6% na produção.
Mesmos os analistas que não acreditam mais nos 6%, mas em algo abaixo disso, concordam que o resultado morno de setembro não indica reversão de tendência.
Para Zeina Latif, da Consultoria Tendências, o resultado "está dentro do esperado". Ela acha que a indústria poderá encerrar o ano com um desempenho abaixo dos 6%, mas diz que "o estrago não será tão grande."
Apesar de a retomada do setor ainda estar confirmada, os indicadores do IBGE já não justificam mais as análises eufóricas que rondaram o crescimento da indústria no primeiro semestre.
A taxa de crescimento da produção num mês contra igual mês do ano anterior caiu à menos da metade. Em setembro, ficou em 3,3%, contra 7,8% de agosto. O nível de produção de setembro está em quinto lugar no ranking 2000. Houve quatro resultados melhores desde janeiro.
"Há uma clara desaceleração, que tem duas explicações", diz o economista Paulo Gonzaga, do Departamento de Indústria do IBGE. Setembro do ano passado teve mais dias úteis do que o deste ano, o que faz com que a produção de 1999 seja maior.
Outro motivo é a comparação feita contra uma base muito mais forte. A indústria iniciou sua retomada justamente entre setembro e outubro do ano passado. "A partir de agora, as taxas mês contra mês serão inferiores à média do ano", avisa Gonzaga. "Esses 6,5% (do acumulado no ano) vão cair ainda mais." O resultado de setembro contra agosto também não empolga (-0,2%), segundo Gonzaga, lembrando que, em agosto, tinha caído 1%. Esses índices, de um mês contra o anterior, dependendo do método usado para dessazonalizar, podem ficar até positivos.



Texto Anterior: Opinião econômica - Fernando Nogueira da Costa: Acesso bancário
Próximo Texto: Panorâmica: Governo espera safra recorde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.