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CONJUNTURA
Índice acumulado no ano caiu de 6,9% para 6,5% em setembro, diz IBGE
Produção industrial perde ritmo
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
A produção industrial perdeu
ritmo em setembro. Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostra
que o índice acumulado no ano
passou de 6,9%, em agosto, para
6,5%, em setembro.
"Essa é uma desaceleração suave, não tem nada de catastrófico",
diz o economista Eustáquio Reis,
diretor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Para
ele, a indústria fechará o ano com
um crescimento em torno de 6%.
A CNI (Confederação Nacional
da Indústria) também não se surpreendeu. "Já era esperada uma
desaceleração no último trimestre
do ano por conta do fim do efeito
estatístico", disse Simone Saisse,
coordenadora-adjunta da Unidade de Política Econômica, reafirmando que a projeção para o ano
é de um crescimento de 5,5% a
6% na produção.
Mesmos os analistas que não
acreditam mais nos 6%, mas em
algo abaixo disso, concordam que
o resultado morno de setembro
não indica reversão de tendência.
Para Zeina Latif, da Consultoria
Tendências, o resultado "está
dentro do esperado". Ela acha que
a indústria poderá encerrar o ano
com um desempenho abaixo dos
6%, mas diz que "o estrago não
será tão grande."
Apesar de a retomada do setor
ainda estar confirmada, os indicadores do IBGE já não justificam
mais as análises eufóricas que
rondaram o crescimento da indústria no primeiro semestre.
A taxa de crescimento da produção num mês contra igual mês
do ano anterior caiu à menos da
metade. Em setembro, ficou em
3,3%, contra 7,8% de agosto. O nível de produção de setembro está
em quinto lugar no ranking 2000.
Houve quatro resultados melhores desde janeiro.
"Há uma clara desaceleração,
que tem duas explicações", diz o
economista Paulo Gonzaga, do
Departamento de Indústria do
IBGE. Setembro do ano passado
teve mais dias úteis do que o deste
ano, o que faz com que a produção de 1999 seja maior.
Outro motivo é a comparação
feita contra uma base muito mais
forte. A indústria iniciou sua retomada justamente entre setembro
e outubro do ano passado. "A
partir de agora, as taxas mês contra mês serão inferiores à média
do ano", avisa Gonzaga. "Esses
6,5% (do acumulado no ano) vão
cair ainda mais." O resultado de
setembro contra agosto também
não empolga (-0,2%), segundo
Gonzaga, lembrando que, em
agosto, tinha caído 1%. Esses índices, de um mês contra o anterior,
dependendo do método usado
para dessazonalizar, podem ficar
até positivos.
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