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LUÍS NASSIF
O setor elétrico, segundo Tourinho
Na opinião do ministro de
Minas e Energia, Rodolfo
Tourinho, não há razão para temer uma crise no mercado de
energia elétrica a partir de 2003
-quando o mercado de geração
(hoje sob preços controlados) será
liberado à razão de 25% a cada
ano.
O receio de especialistas do setor
é que, liberado o mercado, o preço
da geração acabe encostando nos
preços internacionais.
Como, na privatização da distribuição, o contrato de concessão
permite às distribuidoras repassar aumentos que venham a ocorrer na energia comprada, poderia
ocorrer um supertarifaço a partir
de 2003.
A avaliação de Tourinho é de
duas naturezas. A primeira, que
não haveria razão para o preço
da geração seguir parâmetros internacionais porque não existem
vasos comunicantes no mercado
de energia.
Ocorre que existem vasos comunicantes no mercado de investimento. Para investir no Brasil,
um investidor internacional irá
querer as mesmas taxas de retorno que obtém em outras economias. Tourinho considera que o
custo de geração de energia no
Brasil é menor que em outros países e julga que há investidores nacionais em volume suficiente para garantir os investimentos.
Isto posto -e sendo correto-,
o cerne da questão consistiria em
garantir um aumento da oferta
de energia que impedisse a alta de
preços a partir de 2003. Nessa
área, segundo Tourinho, o governo tomou um conjunto de decisões que deverá aumentar substancialmente a oferta até lá.
Entre 1999 e 2004, a capacidade
instalada teria que crescer 40%,
ou 26.000 MW, para atender ao
crescimento de demanda. Já estão
viabilizados, ou em processo de,
15.000 MW. Ficariam faltando
garantir mais 11.000 MW de potência instalada.
Para suprir essa lacuna é que foi
criado o programa das termelétricas, única iniciativa viável de curto prazo para fazer a ponte. O gás
será utilizado para termelétricas
ou usinas de co-geração (construídas por empresas para seu
próprio consumo, podendo o excedente ser oferecido no mercado).
A entrada da Petrobras no processo (como sócia de usinas termelétricas) se deu na condição de
uma empresa de energia, como
produtora e comercializadora de
gás, mas também como indutora
de investimento.
Antes havia limitação para a
co-geração, que não poderia superar determinado limite de m3
de gás. Essa limitação foi tirada, e
a co-geração passou a ser encarada como elemento essencial nesse
período. O ministério solicitou à
Aneel um contrato simplificado
com pequenos produtores.
Segundo Tourinho, em 2001 serão agregados 4.400 MW médios
de energia, o dobro do que entrou
nos dois anos anteriores. Além
disso, a co-geração será um grande colchão, para suprir momentos
de escassez de energia. O primeiro
contrato, fechado com a AmBev,
significou 83 MW a mais, em nove termelétricas a gás em sete Estados.
Paralelamente foi lançado um
programa de PCHs, de pequenas
hidrelétricas -espelhado no modelo vitorioso do Departamento
Municipal de Água e Energia Elétrica de Poços de Caldas. As PCHs
tinham dificuldade de obter financiamento no BNDES, devido
ao fato de sua energia, em geral,
não ter um mercado garantido.
Junto do BNDES, o ministério
conseguiu definir um modelo
adequado, pelo qual a Eletrobrás
se dispõe a comprar a um preço
tal que permita o financiamento.
Nos próximos meses serão abertas
licitações para a construção de
PCHs. Para este ano, a Aneel lançou 1.130 MW de potência instalada em licitação. Até o final do
próximo ano, serão 28 novas licitações, com mais 8.500 MW.
Notáveis
Faria melhor negócio o PT de
São Paulo se montasse um secretariado operacional e indicasse os
"notáveis" -seja lá isso o que
for- para um conselho consultivo. Está cometendo o mesmo erro
do governador Mário Covas, de
achar que predicados morais,
além de necessários, são suficientes para garantir a boa administração.
Internet: www.dinheirovivo.com.br
E-mail - lnassif@uol.com.br
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