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BALANÇA COMERCIAL
Importações da indústria eletrônica afetam as contas, mas o governo diz que o rombo já foi maior
Compra de componentes pesa desde 1996
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo só trouxe à tona sua
preocupação com o déficit comercial do setor eletroeletrônico
este mês. Mas desde 96 as importações de chips, equipamentos de
telecomunicações, material elétrico e bens de informática deixam
rombos na balança comercial.
Segundo dados divulgados pelo
Fórum de Competitividade, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, o déficit registrado
pelo setor em 96 foi superior ao
estimado para este ano.
Em 96, o buraco foi de US$ 7,2
bilhões. Para este ano, a expectativa é um déficit de US$ 6,5 bilhões.
O pior ano, em valores absolutos, foi o de 97. O setor eletroeletrônico contribuiu com um saldo
negativo de US$ 8,8 bilhões na balança comercial. Desde então, o
valor do déficit está caindo.
Em contrapartida, a participação das importações do setor em
relação ao total importado está
crescendo. Em 96, as compras externas desse segmento representavam 18,51% do total importado.
De janeiro a junho deste ano, esse
número foi para 20,5%.
Nesse período, no entanto, houve algumas mudanças no que o
país está comprando do exterior.
Em 1997, o setor de telecomunicações apresentou um déficit de
US$ 2,05 bilhões. Até junho deste
ano, o déficit era de apenas US$ 95
milhões.
A instalação no país de produtores de celulares, como Ericsson
e Motorola, por exemplo, possibilitou a exportação desse tipo de
produto, colaborando para melhorar o saldo comercial.
No segmento de informática, o
déficit também diminuiu. Era de
quase US$ 1 bilhão em 1997. Hoje
está em torno de US$ 500 milhões
por ano.
Os produtores de eletroeletrônicos de consumo, como ar-condicionado, rádios para carro, fogões, máquinas de lavar roupa e
televisões, por sua vez, conseguiram ampliar as exportações e diminuir as importações. No primeiro semestre deste ano, o setor
acumulou um superávit de US$
225 milhões. Em 97, no ano todo,
o saldo foi de US$ 125 milhões.
O problema é que para produzir
e exportar celulares e eletrodomésticos o país tem de importar
mais componentes eletroeletrônicos, como os chips. Essas compras devem crescer, pois cada vez
mais os produtos do uso cotidiano incorporam componentes digitais.
O medo do governo é exatamente esse: a explosão da importação dos semicondutores
(chips). O Fórum de Competitividade da indústria eletroeletrônica
estima que, em 2001, a indústria
gastará US$ 2,5 bilhões com a
compra de semicondutores
-15% mais que a expectativa de
compras deste ano e quase o dobro da de 97.
Esse material é quase todo importado. A solução definitiva para
o problema, segundo funcionários do Ministério do Desenvolvimento, é atrair para o país empresas que fabriquem os semicondutores.
(ANDRÉ SOLIANI)
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