São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2000

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BALANÇA COMERCIAL
Importações da indústria eletrônica afetam as contas, mas o governo diz que o rombo já foi maior
Compra de componentes pesa desde 1996

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo só trouxe à tona sua preocupação com o déficit comercial do setor eletroeletrônico este mês. Mas desde 96 as importações de chips, equipamentos de telecomunicações, material elétrico e bens de informática deixam rombos na balança comercial.
Segundo dados divulgados pelo Fórum de Competitividade, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, o déficit registrado pelo setor em 96 foi superior ao estimado para este ano.
Em 96, o buraco foi de US$ 7,2 bilhões. Para este ano, a expectativa é um déficit de US$ 6,5 bilhões.
O pior ano, em valores absolutos, foi o de 97. O setor eletroeletrônico contribuiu com um saldo negativo de US$ 8,8 bilhões na balança comercial. Desde então, o valor do déficit está caindo.
Em contrapartida, a participação das importações do setor em relação ao total importado está crescendo. Em 96, as compras externas desse segmento representavam 18,51% do total importado. De janeiro a junho deste ano, esse número foi para 20,5%.
Nesse período, no entanto, houve algumas mudanças no que o país está comprando do exterior. Em 1997, o setor de telecomunicações apresentou um déficit de US$ 2,05 bilhões. Até junho deste ano, o déficit era de apenas US$ 95 milhões.
A instalação no país de produtores de celulares, como Ericsson e Motorola, por exemplo, possibilitou a exportação desse tipo de produto, colaborando para melhorar o saldo comercial.
No segmento de informática, o déficit também diminuiu. Era de quase US$ 1 bilhão em 1997. Hoje está em torno de US$ 500 milhões por ano.
Os produtores de eletroeletrônicos de consumo, como ar-condicionado, rádios para carro, fogões, máquinas de lavar roupa e televisões, por sua vez, conseguiram ampliar as exportações e diminuir as importações. No primeiro semestre deste ano, o setor acumulou um superávit de US$ 225 milhões. Em 97, no ano todo, o saldo foi de US$ 125 milhões.
O problema é que para produzir e exportar celulares e eletrodomésticos o país tem de importar mais componentes eletroeletrônicos, como os chips. Essas compras devem crescer, pois cada vez mais os produtos do uso cotidiano incorporam componentes digitais.
O medo do governo é exatamente esse: a explosão da importação dos semicondutores (chips). O Fórum de Competitividade da indústria eletroeletrônica estima que, em 2001, a indústria gastará US$ 2,5 bilhões com a compra de semicondutores -15% mais que a expectativa de compras deste ano e quase o dobro da de 97.
Esse material é quase todo importado. A solução definitiva para o problema, segundo funcionários do Ministério do Desenvolvimento, é atrair para o país empresas que fabriquem os semicondutores. (ANDRÉ SOLIANI)



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