São Paulo, sexta-feira, 08 de novembro de 2002

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ENERGIA

Impacto da desvalorização do real sobre dívida em dólar prejudica resultado da estatal nos primeiros 9 meses do ano

Lucro da Petrobras cai 25%, para R$ 5,3 bi

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O lucro líquido da Petrobras nos primeiros nove meses do ano foi de R$ 5,269 bilhões, 25% menor em relação a igual período do ano passado. Segundo a empresa, o impacto da desvalorização do real sobre sua dívida em dólar, combinado com o não repasse integral da desvalorização aos preços, explica a redução.
No terceiro trimestre do ano (julho a setembro), período em que os aumentos de preços foram contidos, o lucro cresceu 45%, atingindo R$ 2,368 bilhões, contra R$ 1,628 bilhão no mesmo período de 2001. A receita operacional cresceu 34% na mesma comparação, passando de R$ 15,837 bilhões para R$ 21,295 bilhões.
Segundo o diretor financeiro da estatal, João Nogueira Batista, a principal causa do aumento do lucro no período foi a valorização em real dos bens da empresa no exterior, mais uma vez graças à desvalorização cambial.
Ele disse que o crescimento de 13% na produção de petróleo foi decisivo no bom desempenho da empresa, "mesmo com um cenário instável e de incertezas no país".

Decisão comercial
Contribuíram também os aumentos de preços dos combustíveis no fim do segundo trimestre. Batista disse que a decisão de não aumentar os preços, especialmente da gasolina e do gás de cozinha, durante os últimos meses do processo eleitoral, foi comercial e exclusiva da empresa.
"Seria uma irresponsabilidade uma empresa do porte da nossa, com a responsabilidade que tem, tentar repassar 100% [da desvalorização cambial combinada com a alta do petróleo e derivados no mercado internacional]. Só iríamos atrair a ira dos investidores."
Segundo Batista, "qualquer empresa" agiria dessa forma. "Sem sombra de dúvida, deixamos de ganhar, conscientemente."
Apenas no período de julho a setembro a desvalorização do real em relação ao dólar foi de 37%. Nos nove primeiros meses do ano, segundo dados da Petrobras, a desvalorização foi de 67,85%, contra 36,93% no mesmo período de 2001.
A desvalorização do real deve fazer com que os números da Petrobras sofram forte retração quando convertidos para dólar. A empresa tem ações negociadas na Bolsa de Nova York. Ontem, ela só divulgou os números em reais.
De acordo com os números divulgados, o caixa e as aplicações financeiras da estatal caíram de R$ 17,108 bilhões em dezembro de 2001 para R$ 14,151 bilhões em setembro deste ano. O endividamento total passou de R$ 26,761 bilhões para R$ 42,881 bilhões no período, sendo R$ 8,919 bilhões de curto prazo (R$ 8,520 bilhões em dezembro de 2001).


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