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ENERGIA
Impacto da desvalorização do real sobre dívida em dólar prejudica resultado da estatal nos primeiros 9 meses do ano
Lucro da Petrobras cai 25%, para R$ 5,3 bi
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O lucro líquido da Petrobras nos
primeiros nove meses do ano foi
de R$ 5,269 bilhões, 25% menor
em relação a igual período do ano
passado. Segundo a empresa, o
impacto da desvalorização do real
sobre sua dívida em dólar, combinado com o não repasse integral
da desvalorização aos preços, explica a redução.
No terceiro trimestre do ano
(julho a setembro), período em
que os aumentos de preços foram
contidos, o lucro cresceu 45%,
atingindo R$ 2,368 bilhões, contra
R$ 1,628 bilhão no mesmo período de 2001. A receita operacional
cresceu 34% na mesma comparação, passando de R$ 15,837 bilhões para R$ 21,295 bilhões.
Segundo o diretor financeiro da
estatal, João Nogueira Batista, a
principal causa do aumento do
lucro no período foi a valorização
em real dos bens da empresa no
exterior, mais uma vez graças à
desvalorização cambial.
Ele disse que o crescimento de
13% na produção de petróleo foi
decisivo no bom desempenho da
empresa, "mesmo com um cenário instável e de incertezas no
país".
Decisão comercial
Contribuíram também os aumentos de preços dos combustíveis no fim do segundo trimestre.
Batista disse que a decisão de não
aumentar os preços, especialmente da gasolina e do gás de cozinha, durante os últimos meses
do processo eleitoral, foi comercial e exclusiva da empresa.
"Seria uma irresponsabilidade
uma empresa do porte da nossa,
com a responsabilidade que tem,
tentar repassar 100% [da desvalorização cambial combinada com
a alta do petróleo e derivados no
mercado internacional]. Só iríamos atrair a ira dos investidores."
Segundo Batista, "qualquer empresa" agiria dessa forma. "Sem
sombra de dúvida, deixamos de
ganhar, conscientemente."
Apenas no período de julho a
setembro a desvalorização do real
em relação ao dólar foi de 37%.
Nos nove primeiros meses do
ano, segundo dados da Petrobras,
a desvalorização foi de 67,85%,
contra 36,93% no mesmo período
de 2001.
A desvalorização do real deve
fazer com que os números da Petrobras sofram forte retração
quando convertidos para dólar. A
empresa tem ações negociadas na
Bolsa de Nova York. Ontem, ela
só divulgou os números em reais.
De acordo com os números divulgados, o caixa e as aplicações
financeiras da estatal caíram de
R$ 17,108 bilhões em dezembro
de 2001 para R$ 14,151 bilhões em
setembro deste ano. O endividamento total passou de R$ 26,761
bilhões para R$ 42,881 bilhões no
período, sendo R$ 8,919 bilhões
de curto prazo (R$ 8,520 bilhões
em dezembro de 2001).
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