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São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

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ESPETÁCULO DO CRESCIMENTO

Taxa de desemprego cai para 6% e deterioração do mercado de trabalho dá sinais de ter acabado

EUA criam empregos pelo 3º mês seguido

DA REDAÇÃO

A taxa de desemprego nos EUA caiu para 6% no mês passado. Mas o mais importante é que a economia do país criou vagas pelo terceiro mês consecutivo, numa evidência de que pode ter chegado ao fim o mais longo período de deterioração do mercado de trabalho dos últimos 60 anos.
De acordo com relatório divulgado ontem pelo Departamento de Trabalho dos EUA, as empresas do país criaram 126 mil vagas no mês passado. O cálculo não inclui o setor agrícola. O ritmo, o dobro do previsto por analistas, é o melhor em nove meses.
Em outra boa notícia, o número de vagas criadas em setembro foi revisado para cima, de 57 mil para 125 mil. Os números de agosto, que inicialmente tinham mostrado uma perda de 41 mil postos de trabalho, foram revisados para um ganho de 35 mil.
Depois de atingir um pico em junho passado, quando subiu a 6,4%, a taxa de desemprego recuou para 6%, nível em que estava em abril. Em setembro, o índice era de 6,1%.
Mas a indústria ainda vive dias difíceis, e o ganho de empregos se concentrou no setor de serviços. A manufatura voltou a fechar postos de trabalho em outubro, que foi o 37º mês de queda no nível de emprego do setor.
Segundo o Departamento de Trabalho, a indústria do país cortou 24 mil vagas no mês passado. O aspecto positivo é que houve uma desaceleração no número de demissões.
Na opinião dos analistas, a percepção é que finalmente a retomada do país começou a criar empregos, em vez de se valer apenas da mão-de-obra já existente.
Anteriormente, a despeito da retomada, os empresários preferiam explorar a capacidade ociosa das empresas e os funcionários disponíveis, postergando decisões sobre novos investimentos e contratações.
Economistas haviam apelidado o fenômeno de "jobless recovery" (recuperação sem empregos). Alguns falavam até em "job-loss recovery" (ou seja, retomada com perda de vagas).
"Finalmente podemos colocar o prego no caixão da "jobless recovery'", afirmou Ken Mayland, presidente da consultoria ClearView Economics. "Nós estamos de volta ao trilho da criação de empregos."
A melhora no mercado de trabalho é reflexo na aceleração do crescimento dos EUA, depois da instabilidade do primeiro semestre, sobretudo em decorrência das incertezas que envolviam a Guerra do Iraque. No terceiro trimestre, o país cresceu a uma taxa anualizada de 7,2%, o ritmo mais rápido em duas décadas.
"Esses números dão alguma esperança de que o mercado de trabalho finalmente tenha invertido a tendência", disse Marc Chandler, estrategista de câmbio do HSBC em Nova York.
Mas, ainda assim, a taxa de desemprego permanece bem acima dos níveis registrados durante o boom econômico. Em 2000, a taxa estava em torno de 4%, um dos patamares mais baixos da história do país.
A melhora no mercado de trabalho norte-americano é mais um em uma série de indicadores positivos divulgados recentemente. A atividade tem se recuperado tanto no setor de serviços como na indústria, e há sinais evidentes de que as empresas voltaram a investir em equipamentos, antecipando uma alta na demanda.

Juros sobem
Os bons números econômicos pressionaram as taxas de juros futuros, que encerraram a semana em alta. As taxas dos papéis de curto prazo, com vencimento em dois anos, subiram para 2,1% ao ano, o maior nível em sete meses.
Para o mercado, o Federal Reserve (banco central do país) elevará os juros mais cedo do que se estimava anteriormente.


Com agências internacionais


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