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Estatais levam maioria das linhas de transmissão
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
As estatais brasileiras arremataram a maior parte dos lotes de linhas de transmissão em
leilão promovido ontem pela
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica). Dos sete lotes ofertados, cinco ficaram
com estatais, como Eletronorte, Eletrosul, Chesf e Copel.
A Eletronorte arrematou
dois lotes e, em um deles, atua
como líder do consórcio Jauru,
formado também pela Bimetal
e pela Terna Participações, que
tem capital italiano. O deságio
médio do leilão foi de 51,26%. O
percentual indica que as linhas
foram consideradas atrativas
pelos investidores.
As empresas espanholas, tradicionais vencedoras desses
leilões, ficaram apenas com um
lote: a Cymi Holding arrematou a linha São João do Piauí
(PI) a Milagres (CE) com proposta de receita anual de R$
13,757 milhões -o maior deságio do leilão (56,86%).
As concessões se destinam à
construção, operação e manutenção de 1.941 km de nove linhas e quatro subestações. Os
empreendimentos devem entrar em operação entre 15 e 21
meses após a assinatura dos
contratos de concessão. Os investimentos foram estimados
em R$ 1,051 bilhão. O prazo das
concessões é de 30 anos.
O vencedor é o que oferecer a
menor tarifa, ou menor receita
anual permitida para a prestação do serviço. Quanto maior o
deságio, melhor para o consumidor final porque a tarifa de
uso dos sistemas de transmissão é um dos componentes de
custo da tarifa paga a distribuidoras. A maioria dos vencedores pretende obter financiamento no BNDES.
O presidente da Eletrobrás,
Valter Cardeal, afirmou que a
presença das estatais vai contribuir para a modicidade tarifária. Questionado sobre o que
proporcionou a vitória das empresas, disse: "Fomos bem porque soubemos fazer as contas
direitinho". Na avaliação de
Romeu Rufino, diretor da
Aneel, é natural que as estatais
atuem na expansão do sistema
de transmissão. "As empresas
brasileiras têm se posicionado
de forma mais agressiva nos leilões. Elas estão evoluindo no
sentido de aumentar o nível de
exposição e aceitar correr riscos participando de um processo competitivo."
O lote com maior receita
anual ficou com a CTEEP
(Companhia de Transmissão
de Energia Elétrica Paulista),
com proposta de R$ 28,940 milhões e deságio de 56,6%. A linha liga Colinas (TO) a Ribeiro
Gonçalves (PI) e de lá a São
João do Piauí (PI), com extensão total de 720 km. O presidente da CTEEP, José Sidnei
Martini, afirmou que a linha é
estratégica para a empresa.
Trata-se da primeira linha
fora de São Paulo da CTEEP. A
empresa foi privatizada no ano
passado e é agora controlada
pela estatal colombiana Isa.
Questionado se os preços-teto definidos pela Aneel poderiam estar "inflados", o que teria permitido a existência de
deságios significativos, Martini
afirmou que os descontos não
podem ser política permanente
sob o risco de perda da atratividade para o investidor. "Tem
havido deságios maiores não só
no segmento de transmissão de
energia, como foi o caso das rodovias. Entendemos que há
uma sinalização de uma nova
situação do mercado." O lote
mais disputado foi o arrematado pelo consórcio Jauru, que
tem a Eletronorte como líder,
com proposta de R$ 14,946 milhões e deságio de 53,5%.
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