São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Estatais levam maioria das linhas de transmissão

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

As estatais brasileiras arremataram a maior parte dos lotes de linhas de transmissão em leilão promovido ontem pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Dos sete lotes ofertados, cinco ficaram com estatais, como Eletronorte, Eletrosul, Chesf e Copel.
A Eletronorte arrematou dois lotes e, em um deles, atua como líder do consórcio Jauru, formado também pela Bimetal e pela Terna Participações, que tem capital italiano. O deságio médio do leilão foi de 51,26%. O percentual indica que as linhas foram consideradas atrativas pelos investidores.
As empresas espanholas, tradicionais vencedoras desses leilões, ficaram apenas com um lote: a Cymi Holding arrematou a linha São João do Piauí (PI) a Milagres (CE) com proposta de receita anual de R$ 13,757 milhões -o maior deságio do leilão (56,86%).
As concessões se destinam à construção, operação e manutenção de 1.941 km de nove linhas e quatro subestações. Os empreendimentos devem entrar em operação entre 15 e 21 meses após a assinatura dos contratos de concessão. Os investimentos foram estimados em R$ 1,051 bilhão. O prazo das concessões é de 30 anos.
O vencedor é o que oferecer a menor tarifa, ou menor receita anual permitida para a prestação do serviço. Quanto maior o deságio, melhor para o consumidor final porque a tarifa de uso dos sistemas de transmissão é um dos componentes de custo da tarifa paga a distribuidoras. A maioria dos vencedores pretende obter financiamento no BNDES.
O presidente da Eletrobrás, Valter Cardeal, afirmou que a presença das estatais vai contribuir para a modicidade tarifária. Questionado sobre o que proporcionou a vitória das empresas, disse: "Fomos bem porque soubemos fazer as contas direitinho". Na avaliação de Romeu Rufino, diretor da Aneel, é natural que as estatais atuem na expansão do sistema de transmissão. "As empresas brasileiras têm se posicionado de forma mais agressiva nos leilões. Elas estão evoluindo no sentido de aumentar o nível de exposição e aceitar correr riscos participando de um processo competitivo."
O lote com maior receita anual ficou com a CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), com proposta de R$ 28,940 milhões e deságio de 56,6%. A linha liga Colinas (TO) a Ribeiro Gonçalves (PI) e de lá a São João do Piauí (PI), com extensão total de 720 km. O presidente da CTEEP, José Sidnei Martini, afirmou que a linha é estratégica para a empresa.
Trata-se da primeira linha fora de São Paulo da CTEEP. A empresa foi privatizada no ano passado e é agora controlada pela estatal colombiana Isa.
Questionado se os preços-teto definidos pela Aneel poderiam estar "inflados", o que teria permitido a existência de deságios significativos, Martini afirmou que os descontos não podem ser política permanente sob o risco de perda da atratividade para o investidor. "Tem havido deságios maiores não só no segmento de transmissão de energia, como foi o caso das rodovias. Entendemos que há uma sinalização de uma nova situação do mercado." O lote mais disputado foi o arrematado pelo consórcio Jauru, que tem a Eletronorte como líder, com proposta de R$ 14,946 milhões e deságio de 53,5%.


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