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Foco
Para Lula, Obama "é quem tem mais responsabilidade para resolver" crise global
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse ontem
que o presidente eleito dos
Estados Unidos, o democrata Barack Obama, é "quem
tem mais responsabilidade
para resolver" a crise financeira global, enquanto governantes do resto do mundo
devem evitar que ela se alastre para "a cabeça do povo" e
contamine o consumo. Segundo Lula, é preciso "apostar em mais capacidade de
investimento do Estado".
"Obviamente ele [Obama]
vai ter que tomar atitudes
para resolver a crise, porque
essa crise não vai durar muito tempo. Porque todo o capital político que ele conquistou ele pode perder se a
crise perdurar um ano, um
ano e meio", afirmou Lula
ontem, em encontro de prefeitos e governadores dos
países do Mercosul.
Para conter os efeitos da
crise, Lula disse que Obama
deve agir "agora", em plena
transição de governo entre
as equipes do democrata e do
governo do republicano
George W. Bush.
"O presidente [eleito]
Obama tem que tomar atitudes agora, enquanto não é
presidente. Eu diria que até
no grupo de transição ele
tem que começar a tomar as
medidas", declarou.
Em paralelo às iniciativas
que Lula espera do norte-americano, o brasileiro disse
que os mandatários das demais nações devem ser "otimistas" e adotar medidas
que não gerem "pânico", para não comprometer o comércio e a indústria, que dependem do consumo.
"Num primeiro momento,
o pânico vai direto na cabeça
do povo", disse Lula. "À medida que chega à cabeça do
povo o pânico, retratado 24
horas por dia pelos meios de
comunicação, a primeira
coisa que acontece é o cidadão ficar com medo de comprar", afirmou. "A economia
não gira. Aí a crise chegou."
Lula declarou ainda que a
crise abre "oportunidades",
sendo uma delas a volta do
Estado como principal indutor da economia e do aquecimento do consumo interno.
"Não podemos deixar de tomar atitudes, não compactuando com o baixo astral
dos países que estão no coração da crise", afirmou.
"Qual é a vantagem que temos neste momento? A vantagem é que temos um potencial de crescimento do
mercado interno, que eles
[países ricos em dificuldades
pela crise] já não têm."
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