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DIAGNÓSTICO & RECEITA
Vagabundagem
OSIRIS LOPES FILHO
O pacote da perversidade do
governo federal representa
brutal elevação da carga tributária imposta à sofredora gente brasileira. Tenta-se esconder
a indecência. Fala-se que a alíquota da CPMF vai subir
0,18%, passando de 0,20% para 0,38%. Em verdade, o acréscimo é de 90%. Com relação à
Cofins, a alíquota de 2% foi fixada em 3% (MP nš 1.724/98).
O acréscimo é de 50%. Duas
barbaridades.
Essas medidas indicam a superação, pelo governo FHC,
dos limites da decência. Optou-
se pela deslavada voracidade
arrecadatória. Nem na época
da ditadura militar ousou-se
assaltar o bolso do povo e o caixa das empresas em tal intensidade. Agora, é ferro.
Aparentemente, tratam-se de
alíquotas baixas. Não são. A
arrecadação da Cofins, em
1997, foi de R$ 19,118 bilhões, e
a da CPMF, R$ 6,909 bilhões.
Para comparar, o IPI no mesmo ano produziu receita da ordem de R$ 16,833 bilhões; o Imposto de Importação, de R$
5,138 bilhões, e o Imposto de
Renda, de R$ 36,524 bilhões.
A previsão de arrecadação,
para 1998, da Cofins é de R$ 20
bilhões, e da CPMF, de R$ 9 bilhões. Entre os tributos administrados pela Receita Federal,
a Cofins é o segundo em montante arrecadado. Ocorre que a
contribuição social tem uma
peculiaridade: a sua receita é
vinculada a determinada finalidade. Não pode servir para
atender aos gastos gerais da
União.
Daí a importância, para o
governo federal, da manutenção do Fundo de Estabilização
Fiscal, que dá liberdade de
aplicação a 20% da arrecadação dessas contribuições, embora comprometa a execução
da sua finalidade social.
A voracidade arrecadadora
das autoridades é atropeladora da Constituição e da destinação social das contribuições.
A repercussão na economia
dessas elevações é devastadora
para o povo consumidor e para
as empresas. O seu efeito sobre
os preços praticados no mercado é exponencial. Vai aumentar o custo de vida do povo e
sacrificar a empresa nacional.
Ela tem um efeito positivo.
Mostra o caráter vagabundo
desse governo. No duplo sentido. Vagabundo, pela falta de
qualidade da sua política tributária, a punir o povo e as
empresas; e por elevar tributos
de alta rentabilidade arrecadatória, em que a administração não precisa trabalhar,
pois, na CPMF, quem arrecada
são as instituições financeiras,
e na Cofins realiza-se seu controle pela Declaração de Rendimentos de Pessoa Jurídica,
na medida em que lá se encontra o faturamento da empresa.
Governo imperial é isso aí, vagabundo.
Osiris de Azevedo Lopes Filho, 59, advogado, é professor de Direito Tributário da
Universidade de Brasília e ex-secretário da
Receita Federal.
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