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MERCADO FINANCEIRO
Volumes negociados caíram após a turbulência mundial; presidente da Bovespa prevê dias difíceis
Onda de demissões atinge Bolsas de SP e RJ
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
As Bolsas de Valores de São Paulo e do Rio estão se adaptando ao
novo tamanho do mercado financeiro brasileiro e reduzindo sua estrutura. "O sistema inteiro está fazendo um ajuste. As corretoras e a
Bolsa", diz o presidente da Bolsa
de São Paulo, Alfredo Rizkallah.
Segundo a Folha apurou, o corte
de funcionários nas Bolsas do Rio e
de São Paulo chegou a 140 pessoas
-70 pessoas em São Paulo e mais
70 no Rio. Hoje, a Bolsa de Valores
de São Paulo tem cerca de 450 funcionários, e a do Rio, 280.
Os cortes não visam apenas adequar a estrutura das instituições a
uma crise financeira momentânea,
como a causada pela moratória da
Rússia, em meados de agosto, e
que se estendeu até o final de outubro último.
Em agosto, deixou a Bolsa de Valores de São Paulo R$ 1,7 bilhão
apenas em recursos externos. Em
setembro, saiu mais R$ 1,5 bilhão.
No final de outubro, a crise se estancou e o saldo entre a compra a
venda de ações por estrangeiros ficou positivo em R$ 27,8 milhões.
"Eu acredito que o período de facilidades no crédito e liquidez terminou, em escala global. Nós vamos passar por períodos difíceis.
Nós próximos dois anos eu não
acredito que nós vamos restaurar o
movimento que tivemos no primeiro semestre do ano passado."
A Bolsa de São Paulo chegou a
negociar, no primeiro semestre do
ano passado, em torno de R$ 1,2
bilhão por dia. Nos dias atuais, em
momentos de euforia, os negócios
batem em R$ 700 milhões.
"Foi feito todo um ajuste de estrutura da Bolsa para um período,
eu não diria de vacas magras, mas
sim de seriedade muito maior. Isso
implica redução de material, pessoal, racionalização de custos. Se
nós negociamos hoje menos da
metade do volume que negociávamos, temos de nos adaptar a isso",
afirma Rizkallah.
A receita da Bolsa é apurada sobre o volume financeiro do mercado. Embora não queira revelar números, Rizkallah diz que há meses
nos quais a diferença entre os recursos apurados e os gastos tem sido ligeiramente positiva. Há outros nos quais ela é, também ligeiramente, negativa.
Segundo Rizkallah, feito o primeiro ajuste, "nós vamos ver o que
acontece. A gente tem de ir se
adaptando à cada fase".
A redução nos volumes negociados com ações no Brasil acabou
apressando uma discussão antiga,
sobre a fusão da Bolsa de São Paulo
com a Bolsa do Rio.
"Se nós estamos reavaliando estruturas e custos, esse é o momento adequado para aprofundarmos
o debate com nossos colegas do
Rio", disse Rizkallah.
Ele afirmou que está em fase
"bem adiantada" a discussão para
unificar os sistemas de negociação
e de comunicação das duas Bolsas.
Segundo Rizkallah, isso traria
uma "razoável" economia nas negociações. "As sociedades corretoras passariam a ter um custo menor. Nós precisamos viabilizar os
intermediários. São eles que trazem os recursos para a Bolsa. Não é
a Bolsa que gera recursos."
Ele não quis fixar prazos, mas
afirmou que até o final do ano as
conversas com "os parceiros do
Rio" devem estar terminadas.
"Depois, a implementação vai
depender de fatores técnicos que
nós vamos procurar acelerar",
afirmou o presidente da Bovespa.
Segundo a Folha apurou, o que
tem atrasado as negociações são
problemas políticos. A Bolsa de
Valores do Rio tinha, antes do episódio Naji Nahas, em 89, grande
importância no país. Hoje, o mercado carioca não movimenta mais
do que R$ 10 milhões por dia.
A grande polêmica nas negociações é, no caso de uma fusão com a
Bolsa paulista, que papel teriam os
dirigentes cariocas.
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