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"Nada entendia de administrar empresa"
Da Reportagem Local
"Ozires, você será o presidente
da Embraer, escolha todos os demais dirigentes", determinou o então ministro da Aeronáutica, Márcio de Souza e Mello.
"Ainda tentei dizer que não entendia nada de administração de
uma empresa", conta Ozires.
Para diretor financeiro, ele convidou um amigo de infância, funcionário do Banco do Brasil. A Embraer não tinha papel timbrado, o
que a impedia de sacar no banco.
Ozires nunca tinha visto uma folha
de pagamento.
O primeiro avião foi vendido por
quantia simbólica à Comissão Nacional de Atividades Espaciais.
Uma série de dez planadores Urupema ficou encalhada.
Os dois primeiros grandes contratos, com o Ministério da Aeronáutica, foram firmados em 1970.
A tramitação foi rápida, graças à
pressão de um brigadeiro. Vários
itens ficaram em branco.
A Embraer recebeu incentivos
fiscais, agregando mais de 100 mil
acionistas. A campanha pela subscrição distribuiu um plástico, para
autos, com o slogan "Um país que
voa vai longe!" O país vivia o clima
retratado em outro plástico, o
"Brasil: ame-o ou deixe-o".
Nesse ambiente, a Embraer decidiu fabricar o carro de corridas da
Fórmula 1, dos irmãos Fittipaldi,
com apoio da Copersucar.
Em 1986, a Embraer contabilizava quase 4.500 aviões e vendas superiores a US$ 13 bilhões. O projeto de um avião com a Argentina fora suspenso.
Os prejuízos ele não detalha. Ao
deixar a empresa, Ozires não havia
preparado um sucessor. A diretoria, eleita em 1969, ainda era a mesma.
(FV)
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