São Paulo, domingo, 8 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Nada entendia de administrar empresa"

Da Reportagem Local

"Ozires, você será o presidente da Embraer, escolha todos os demais dirigentes", determinou o então ministro da Aeronáutica, Márcio de Souza e Mello.
"Ainda tentei dizer que não entendia nada de administração de uma empresa", conta Ozires.
Para diretor financeiro, ele convidou um amigo de infância, funcionário do Banco do Brasil. A Embraer não tinha papel timbrado, o que a impedia de sacar no banco. Ozires nunca tinha visto uma folha de pagamento.
O primeiro avião foi vendido por quantia simbólica à Comissão Nacional de Atividades Espaciais. Uma série de dez planadores Urupema ficou encalhada.
Os dois primeiros grandes contratos, com o Ministério da Aeronáutica, foram firmados em 1970. A tramitação foi rápida, graças à pressão de um brigadeiro. Vários itens ficaram em branco.
A Embraer recebeu incentivos fiscais, agregando mais de 100 mil acionistas. A campanha pela subscrição distribuiu um plástico, para autos, com o slogan "Um país que voa vai longe!" O país vivia o clima retratado em outro plástico, o "Brasil: ame-o ou deixe-o".
Nesse ambiente, a Embraer decidiu fabricar o carro de corridas da Fórmula 1, dos irmãos Fittipaldi, com apoio da Copersucar.
Em 1986, a Embraer contabilizava quase 4.500 aviões e vendas superiores a US$ 13 bilhões. O projeto de um avião com a Argentina fora suspenso.
Os prejuízos ele não detalha. Ao deixar a empresa, Ozires não havia preparado um sucessor. A diretoria, eleita em 1969, ainda era a mesma. (FV)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.