São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2006

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Para analistas, ata do Copom deixa dúvidas sobre os juros

Investidores se dividem entre corte de 0,25 ou 0,5 ponto

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro reagiu sem muito entusiasmo à ata do Copom, apresentada na manhã de ontem. Investidores e analistas esperavam que o documento trouxesse sinais mais claros sobre o futuro dos juros. A Bolsa de Valores de São Paulo terminou o pregão de ontem com queda de 0,43%. As taxas futuras de juros tiveram baixas moderadas.
Dessa forma, o mercado ainda se divide entre as previsões de que a taxa Selic cairá 0,25 ponto ou 0,50 ponto percentual na primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de 2007, em janeiro.
Na semana passada, o Copom decidiu reduzir a taxa básica Selic de 13,75% para 13,25%. A decisão foi dividida: cinco votaram a favor do corte de 0,50 ponto; outros três votaram por uma redução de 0,25 ponto na taxa.
No contrato DI que vence no fim de janeiro e mostra as projeções para o próximo encontro do Copom, a taxa recuou de 13,11% para 13,09% no pregão de ontem da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). O DI (Depósito Interfinanceiro) que vence daqui a um ano também fechou com queda, de 12,64% para 12,57%.
O número de contratos DI negociados na BM&F ontem cresceu 24% e alcançou 1,07 milhão de papéis.
"Quem esperava que o documento sacramentasse o 0,25 ponto de corte a partir de janeiro não encontrou essa certeza", avalia a Modal Asset em análise enviada a clientes. "Porém, para nós, que encaramos com naturalidade o placar apertado de 5 a 3 na reunião do Copom, a leitura da ata nos apontou que a tendência da próxima reunião é uma redução de ritmo de corte, para 0,25 ponto", afirma.
Para o mercado acionário, quanto mais caírem os juros, melhor. Isso porque um movimento nesse sentido diminui a rentabilidade dos fundos que pagam juros, podendo estimular investidores a migrar para a Bolsa.
Durante o pregão de ontem, a Bovespa chegou a subir quase 1%, para a marca recorde de 43.506 pontos. Mas não se sustentou em patamar tão elevado e fechou aos 42.909 pontos.
A maior alta do Ibovespa ontem ficou com a ação PNB da Eletropaulo (3,05%). A maior baixa também ficou com o papel de uma elétrica -Light ON, que recuou de 2,83%.
"A dissidência de três membros do comitê fez com que os agentes do mercado, em um primeiro momento, acreditassem numa redução do ritmo de corte da taxa Selic já no início de 2007, saindo dos 0,5 ponto para 0,25 ponto. Entretanto, o conteúdo da ata divulgada hoje [ontem] sinaliza, em grande parte, a continuidade do atual ritmo de queda dos juros, de 0,5 ponto", afirmou a consultoria Austin Rating, que prevê que a Selic encerrará o próximo ano em 12%.
O dólar terminou o dia negociado a R$ 2,145, marcando desvalorização de 0,05% diante do real.

Números
Dados do mercado de trabalho norte-americano vão ser acompanhados de perto pelos investidores hoje nas principais praças financeiras.
Outro dado importante para o mercado local será a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de novembro, medido pelo IBGE. O IPCA é o índice que o governo utiliza para monitorar sua meta de inflação. E, para que os juros sigam em queda, é fundamental que a inflação não comece a demonstrar riscos de pressão excessiva.
A expectativa do mercado é que o IPCA feche novembro em torno de 0,36%.


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