São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Poupança deve fechar o ano com a maior captação desde 1994

Com os juros em queda e um peso maior das taxas cobradas pelos fundos de investimento, caderneta atrai investidor e bate recorde

Depósitos superaram saques em R$ 2,7 bi em novembro, no 15º mês seguido com captação positiva de recursos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a queda dos juros e as altas taxas de administração cobradas por fundos de investimento, as aplicações na caderneta de poupança voltaram a bater recorde no mês passado e devem encerrar 2007 no maior nível já registrado desde a adoção do Plano Real, em 1994.
Segundo dados do Banco Central, os depósitos na caderneta superaram os saques em R$ 2,718 bilhões ao longo de novembro. Foi o 15º mês seguido de captação positiva da poupança, fato inédito nos últimos 13 anos. Com o resultado, a captação acumulada no ano subiu para R$ 24,245 bilhões, também o valor mais alto já registrado nesse período. No mês passado, o total de recursos depositados na poupança chegou a R$ 224,958 bilhões.
A maior procura pela caderneta ocorre ao mesmo tempo em que diminuem as aplicações em fundos DI e de renda fixa, opções que também costumam ser buscadas por investidores mais conservadores.
Entre janeiro e novembro, a captação dos fundos DI -que acompanham de perto a evolução da taxa Selic- ficou negativa em R$ 11,5 bilhões, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Nos fundos de renda fixa -formados por títulos prefixados, um pouco mais rentáveis em cenários de queda dos juros-, o resultado foi um pouco melhor, com captação positiva de R$ 2,1 bilhões no período.
A atratividade da poupança está relacionada a duas vantagens em relação aos fundos. Uma delas é a isenção de Imposto de Renda, cuja alíquota, no caso dos fundos, pode chegar a 22,5% dos ganhos, dependendo do prazo da aplicação.
Além disso, os fundos também perdem espaço devido à taxa de administração cobrada, que não existe no caso da poupança. Com a taxa Selic em queda -está hoje em 11,25% ao ano depois de chegar a 19,75% no final de 2005-, o peso das taxas cobradas pelos fundos no rendimento líquido dos investidores fica cada vez maior.
A poupança é corrigida pela variação da TR (Taxa Referencial) mais juros de 0,5% ao mês. Isso equivale, hoje em dia, a uma rentabilidade mensal de aproximadamente 0,6%. Trata-se de um retorno próximo ao oferecido por um fundo DI que cobre taxa de administração de 1,5% -caso o fundo cobre taxa maior que essa, a caderneta passa a ser uma opção mais vantajosa de investimento.
A poupança ainda oferece um risco um pouco menor ao aplicador do que um fundo de investimento. Isso porque a caderneta conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que protege depósitos de até R$ 60 mil mesmo caso o banco que mantém a aplicação quebre. Os fundos não dão nenhuma garantia desse tipo.
Devido à pressão de bancos, o governo chegou a alterar o cálculo da TR no começo do ano, para reduzir o rendimento da poupança e estimular as aplicações em fundos, negócio mais rentável para as instituições financeiras do que a caderneta.
Com a queda dos juros, porém, o novo cálculo da TR corria o risco de gerar rentabilidade negativa para a poupança. Por isso em julho o governo editou uma nova norma que aproximou os rendimentos oferecidos pela caderneta e pelos fundos, o que ajudou a estimular a procura pela poupança.


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