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Poupança deve fechar o ano com a maior captação desde 1994
Com os juros em queda e um peso maior das taxas cobradas pelos fundos de investimento, caderneta atrai investidor e bate recorde
Depósitos superaram saques em R$ 2,7 bi em novembro, no 15º mês seguido com captação positiva de recursos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a queda dos juros e as altas taxas de administração cobradas por fundos de investimento, as aplicações na caderneta de poupança voltaram a
bater recorde no mês passado e
devem encerrar 2007 no maior
nível já registrado desde a adoção do Plano Real, em 1994.
Segundo dados do Banco
Central, os depósitos na caderneta superaram os saques em
R$ 2,718 bilhões ao longo de
novembro. Foi o 15º mês seguido de captação positiva da poupança, fato inédito nos últimos
13 anos. Com o resultado, a captação acumulada no ano subiu
para R$ 24,245 bilhões, também o valor mais alto já registrado nesse período. No mês
passado, o total de recursos depositados na poupança chegou
a R$ 224,958 bilhões.
A maior procura pela caderneta ocorre ao mesmo tempo
em que diminuem as aplicações em fundos DI e de renda
fixa, opções que também costumam ser buscadas por investidores mais conservadores.
Entre janeiro e novembro, a
captação dos fundos DI -que
acompanham de perto a evolução da taxa Selic- ficou negativa em R$ 11,5 bilhões, segundo
a Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento).
Nos fundos de renda fixa -formados por títulos prefixados,
um pouco mais rentáveis em
cenários de queda dos juros-, o
resultado foi um pouco melhor,
com captação positiva de R$ 2,1
bilhões no período.
A atratividade da poupança
está relacionada a duas vantagens em relação aos fundos.
Uma delas é a isenção de Imposto de Renda, cuja alíquota,
no caso dos fundos, pode chegar a 22,5% dos ganhos, dependendo do prazo da aplicação.
Além disso, os fundos também perdem espaço devido à
taxa de administração cobrada,
que não existe no caso da poupança. Com a taxa Selic em
queda -está hoje em 11,25% ao
ano depois de chegar a 19,75%
no final de 2005-, o peso das
taxas cobradas pelos fundos no
rendimento líquido dos investidores fica cada vez maior.
A poupança é corrigida pela
variação da TR (Taxa Referencial) mais juros de 0,5% ao mês.
Isso equivale, hoje em dia, a
uma rentabilidade mensal de
aproximadamente 0,6%. Trata-se de um retorno próximo ao
oferecido por um fundo DI que
cobre taxa de administração de
1,5% -caso o fundo cobre taxa
maior que essa, a caderneta
passa a ser uma opção mais
vantajosa de investimento.
A poupança ainda oferece
um risco um pouco menor ao
aplicador do que um fundo de
investimento. Isso porque a caderneta conta com a proteção
do FGC (Fundo Garantidor de
Crédito), que protege depósitos
de até R$ 60 mil mesmo caso o
banco que mantém a aplicação
quebre. Os fundos não dão nenhuma garantia desse tipo.
Devido à pressão de bancos, o
governo chegou a alterar o cálculo da TR no começo do ano,
para reduzir o rendimento da
poupança e estimular as aplicações em fundos, negócio mais
rentável para as instituições financeiras do que a caderneta.
Com a queda dos juros, porém, o novo cálculo da TR corria o risco de gerar rentabilidade negativa para a poupança.
Por isso em julho o governo
editou uma nova norma que
aproximou os rendimentos
oferecidos pela caderneta e pelos fundos, o que ajudou a estimular a procura pela poupança.
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